O rei, a amante e o filho anão deles que assassinou a mãe, na cama, com peso de ferro
Se alguém acha que parece 'Game of Thrones', ainda tem mais: os encontros de Hussein da Jordânia com a atriz foram “agenciados” pela CIA
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O outro lado do paraíso de Hollywood: CIA promoveu caso do jovem rei Hussein com a atriz Susan Cabot, vítima de matricídio - (Ted Russell/The LIFE Images Collection/Getty Images) |
“Ele foi um experimento humano que não deu
certo”, disse um advogado em defesa de Timothy Scott Roman, autor do
pior dos crimes: matricídio.
A linha da defesa, pelo menos, funcionou. Roman pegou uma
pena de apenas cinco anos por homicídio culposo por matar a mãe, na
cama, com um peso de ferro. Ela era uma ex-atriz de Hollywood que tinha o
nome artístico de Susan Cabot. O crime foi em 1986.
Os advogados argumentaram que ele era perturbado pelos
hormônios e outros remédios que tomava desde criança. Nascido anão, com o
tratamento para a pituitária havia alcançado 1,62 metro.
Não muito diferente da altura do homem que, durante o
julgamento, apareceu como o provedor de uma pensão mensal de 1 500
dólares: o rei Hussein da Jordânia.
A história ficou mais extraordinária ainda com detalhes
encontrados nos mais de 30 mil documentos sobre o assassinato de John
Kennedy cujo sigilo foi levantado por Donald Trump.
Os nomes não aparecem, mas outras informações levam à
conclusão que a CIA patrocinou o encontro do jovem Hussein com atrizes
iniciantes durante uma visita dele a Los Angeles.
Susan Cabot foi a escolhida e o caso foi além do sexo ocasional. A certa altura, começou a provocar fofocas.
Hussein, considerado descendente de quadragésima-primeira
geração do profeta Maomé, estava envolvido com uma beldade judia – o
nome original de Susan era Harriet Shapiro.
Desde 1977, graças um ainda jovem Bob Woodward, já se sabia
que a CIA pagava uma espécie de fixo, por fora, ao herdeiro do trono da
Jordânia.
Os pagamentos, que a certa altura chegaram a alguns milhões
de dólares por ano, começaram quando ele tinha 21 anos. Parte do
dinheiro mantinha o estilo de vida do “príncipe playboy”, que gostava de
carros, aviões e mulheres. Quando começou a ter filhos, com a segunda
das quatro mulheres, o projeto “No Beef” também bancava a segurança
deles.
A intermediação de companhias femininas também ficou
conhecida na época – a do governo Carter, quando presidente e Congresso
impuseram controles às atividades da CIA, especialmente as que envolviam
operações dentro dos Estados Unidos ou fora dos limites permitidos.
Os detalhes agora revelados não têm nada a ver com o
assassinato de Kennedy. Os documentos secretos apareceram na
investigação porque um investigador particular e agenciador de mulheres
para milionários chamado Robert Maheu chegou a ser sondado para acionar
seus contatos no crime organizado para uma das inúmeras e fracassadas
tentativas de assassinato de Fidel Castro.
Mas expõem uma história que inevitavelmente é comparada à trama de Game of Thrones, com personagens como o rei que tem um filho anão e matricida.
Maheu, ex-agente do FBI que tinha a confiança da agência,
foi mobilizado para fazer agrados ao jovem Hussein, mencionado apenas
como “chefe de Estado estrangeiro”.
O visitante “estava especialmente desejoso de companhia
feminina durante sua visita a Los Angeles”. Uma das escolhidas foi Susan
Cabot, atriz iniciante de filmes B. “Queremos que você vá pra a cama
com ele”, ouviu Susan, segundo um dos memorandos.
Depois de conhecer Hussein, que achou “encantador”, acabou
concordando. Na época, o romance saiu em colunas de celebridades – uma
palavra que, felizmente, ainda não existia.
Foi quando a atriz manifestou preocupação que se tornasse de
conhecimento público a relação entre uma judia e o defensor da fé
muçulmana, cujos antepassados haviam sido durante sete séculos guardiães
de Meca, a cidade mais santa do Islã.
Aparentemente, isso nunca aconteceu. O caso só teve foi
mencionado, obliquamente, depois do assassinato de Susan. Os pagamentos
mensais de 1 500 dólares feitos pelo Tesouro jordaniano equivaliam a uma
pensão alimentícia dada pelo rei Hussein.
Segundo os anais do julgamento de Timothy, “filho adotivo”
que passou a ter o sobrenome de um marido de Susan, a atriz de belas
pernas e nariz atrevido tinha se transformado numa mulher extremamente
deprimida. Estava de camisola, na cama, quando o filho arrebentou sua
cabeça.
Os advogados de defesa argumentaram que tinha sido um crime
não premeditado, incitado pelo comportamento agressivo de Susan e
propiciado pelo efeito dos tratamentos hormonais de Timothy.
Estranhamente, o juiz comprou a tese do assassinato culposo num caso
raro como o matricídio.
Hussein morreu de câncer aos 63 anos em 1999. No leito de
morte, tirou o irmão da linha sucessória e colocou no lugar seu filho,
Abdullah. A baixa estatura é uma característica da família.
Recentemente, em visita à Casa Branca, Abdullah apareceu na
coletiva tradicional, atrás de um pódio, ao lado de Donald Trump. Fotos
impiedosas mostraram que ele estava em cima de um pequeno caixote para
compensar a diferença de altura.
Com menos carisma e audácia que o pai, Abdullah está
conseguindo manter o equilíbrio quase impossível que garante a
sobrevivência da monarquia na Jordânia.
Além de ser um dos países artificiais criados por Inglaterra
e Franca quando o império otomano refluiu no Oriente Médio, a Jordânia
não tem petróleo nem praticamente nenhum outro recurso.
A população original, de beduínos, foi inflada pelos
refugiados árabes das muitas guerras com Israel, depois chamados
palestinos.
A Jordânia sempre dependeu da ajuda externa, da Inglaterra e
depois dos Estados Unidos. Os arranjos com a CIA faziam parte da
estratégia de sobrevivência do rei Hussein, cujo contato com uma
realidade perigosa começou aos 16 anos, quando viu o assassinato do avô
na entrada da mesquita de Al Aqsa, em Jerusalém, que a Jordânia
controlava na época.
Hussein escapou da morte porque uma medalha dada pelo avô um
dia antes desviou a bala que o assassino palestino disparou contra ele.
O rei assassinado, Abdallah, tinha acordos secretos com o nascente
Estado de Israel.
Tornou-se rei aos 17 anos, com o afastamento por grave
desequilíbrio mental de seu pai, Talal. O príncipe herdeiro da Jordânia
tem seu nome. E herdou a altura da mãe, a linda Rania, que é palestina. O
filho americano não reconhecido seria, por todos os critérios, judeu.
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