'Eu era classe média, agora estou rico', diz brasileiro sobre bitcoin
Carioca de 28 anos é um dos novos ricos do bitcoin

Aos 28 anos, o carioca Thiago da Silva Rodrigues é um dos novos ricos
da bitcoin. Ele está no Paraguai há seis meses produzindo a moeda
virtual. "Eu era um cara de classe média, da Barra da Tijuca. Agora
estou rico", conta. "Tenho medo de sequestro e, quando volto ao Rio, só
ando acompanhado por um segurança."
Ele e a mulher, Mariana de Abreu, são programadores. Especialista em
blockchain, que é a tecnologia por trás da criptomoeda, ele prestava
consultoria para empresas no Brasil. A empresa ainda existe, hoje tocada
por funcionários. Mas o seu foco é agora a produção da moeda virtual,
um processo também chamado de mineração.
Seguindo a máxima que imperava no auge de Serra Pelada, no Norte do
País, onde se dizia que, no garimpo, ganha mais dinheiro quem vende pá e
picareta do que aquele que se embrenha na serra, Rodrigues, está
reformando um prédio em Ciudad Del Este para transformá-lo em uma
fábrica de máquinas de bitcoin.
A ideia é importar peças da China e montar no país. "O imposto de
importação aqui é de apenas 1,5%. Quero aproveitar ao máximo esse
momento da criptomoeda."
Luxo
No Paraguai, Rodrigues mora no condomínio mais luxuoso da região, o
Paraná Country Club, em Hernandárias, a 15 quilômetros de Ciudad del
Este. É lá que residem hoje todos os brasileiros do bitcoin na região.
Com forte esquema de segurança, o local é destino consagrado dos
brasileiros do agronegócio no Paraguai, chamados de brasiguaios, que
fugindo dos problemas de segurança no interior do País passam o período
do safra nas fazendas e se abrigam na entressafra no condomínio.
O Paraná Country Club tem aeroporto para pequenos aviões, dois campos
de golfe e estande para prática de tiro (o porte de armas é liberado no
Paraguai). Fica às margens do Rio Paraná, com vista para a Ilha Acaray,
que abriga a usina hidrelétrica de mesmo nome.
"Aqui é cheio de brasileiro. Quem não é brasileiro é libanês ou
taiwanês", diz Rocelo Lopez, que mantém no local um sobrado confortável
com piscina para uso próprio e dos funcionários brasileiros a serviço de
sua empresa no país.
Embora dividam o mesmo condomínio, os brasileiros que tocam as três
grandes operações de mineração de bitcoin em Ciudad del Este não mantêm
qualquer relação de amizade. O clima é de disputa entre eles.
No mês passado, o funcionário de uma mineradora foi avistado dentro de
uma fábrica concorrente e o clima azedou de vez. "Eu mesmo conheço todos
os mineradores aqui, mas não quero conversar com eles. É melhor eles lá
e eu aqui", disse um empresário.
"Estivemos na China para comprar as máquinas e ninguém deixou a gente
ver nada lá também. Não é só aqui no Paraguai, é assim no mundo inteiro.
Descobrimos esse mercado há três, quatro anos, e estamos resolvendo
tudo sozinhos", afirma Rocelo Lopez, que mantém uma fábrica com seis mil
máquinas na cidade vizinha.
Notícia ao Minuto - com informações do Estadão Conteúdo
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