Michel Temer sanciona novas regras para o Fundo de Financiamento Estudantil
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(Wilson Dias/Agência Brasil) |
As
novas regras para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) foram
sancionadas nesta quinta-feira (7) pelo presidente Michel Temer, em
cerimônia no Palácio do Planalto. Temer classificou a medida como um
exemplo da “educação do século 21”. “O Fies novo se reporta ao Fies
antigo, mas é uma novidade. É a educação do século 21, é trazer o país
para o século 21”.
O presidente também destacou a utilização dos
fundos constitucionais, utilizados apenas em políticas de
desenvolvimento nacional, no Fies. “A primeira ideia que as pessoas
tinham era que o desenvolvimento nacional se ancorava apenas na
indústria, comércio e serviços, e não exatamente na educação. Em uma
interpretação sistêmica, conseguimos revelar que seria possível a
utilização do fundo constitucional na educação. Porque educação é
desenvolvimento”.
Para o ministro da Educação, Mendonça Filho, as
novas regras auxiliam o estudante a ingressar no ensino superior ao
mesmo tempo que respeitam o ajuste fiscal preconizado pelo governo.
“Precisamos levar em consideração a sustentabilidade também no aspecto
econômico. Não adianta ter picos de crescimento, de oferta de crédito e
logo mais a conta volta para o contribuinte. O Fies novo é um Fies que
segura uma política pública dirigida aos mais pobres, preservando o
equilíbrio fiscal”.
Entenda o novo Fies
O
novo programa traz mudanças na taxa de juros, no prazo para pagamento do
saldo devedor e amplia a faixa de renda para os interessados no
financiamento.
As regras começam a valer para os contratos
firmados a partir do primeiro semestre de 2018. O estudante que já tem
contrato em andamento poderá migrar para as novas regras. De acordo com o
Ministério da Educação, no total serão criadas 310 mil vagas para o
próximo ano.
Uma das principais mudanças do novo Fies é a oferta
de 100 mil vagas a juro zero para estudantes mais carentes. As demais
vagas terão juros variáveis de acordo com o banco onde for fechado o
financiamento. Atualmente, a taxa de juros é fixa em 6,5% ao ano.
Segundo
o ministro da Educação, Mendonça Filho, as taxas devem ficar bem
menores que as praticadas hoje. “É possível financiar 100% do curso. As
taxas de juros do Fies II serão determinadas pela política de crédito
dos fundos constitucionais administrados pelos bancos regionais. Para
cerca de 150 mil contratos [Fies II] você vai ter uma taxa de 3,5% no
máximo, o que é um ganho enorme para jovens do nosso país”.
Fim da carência
Ficou
estabelecido também o fim do prazo de carência de 18 meses, após a
conclusão do curso, para que o estudante comece pagar o financiamento. O
estudante deverá iniciar o pagamento no mês seguinte ao término do
curso, desde que esteja empregado.O prazo máximo para pagamento será de
14 anos.
O dinheiro será descontado diretamente do salário do
empregado que tiver emprego formal, por meio do eSocial, sistema já
utilizado atualmente pelas empresas para pagar contribuições e prestar
informações ao governo. Caso o estudante não tenha renda, o saldo
devedor poderá ser quitado em prestações mensais equivalentes ao
pagamento mínimo do financiamento. O mesmo critério será utilizado para o
estudante que perder o emprego e para quem desistir do curso.
Para
ser financiado, o curso de graduação deve ter conceito maior ou igual a
três no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior ou ter
autorização do MEC para funcionamento. Segundo Mendonça Filho, haverá
cursos prioritários para financiamento. Cursos de formação de
professores estão entre os priorizados.
Novas modalidades
Antes,
o Fies era concedido apenas a quem tem renda familiar per capita de até
três salários mínimos. O novo Fies tem novas modalidades destinadas
também a estudantes com renda de até cinco salários. Os interessados
devem ter nota mínima de 450 pontos e não podem zerar a redação no Exame
Nacional de Ensino Médio (Enem), em uma ou mais edições desde 2010.
O
novo Fies apresenta três modalidades. Na primeira, serão ofertadas as
100 mil vagas a juro real zero para estudantes com renda familiar per
capita mensal de até três salários-mínimos. Os recursos para este
financiamento virão da União.
A segunda modalidade é destinada a
estudantes com renda per capita mensal de até cinco salários-mínimos. A
fonte de financiamento serão recursos de fundos constitucionais
regionais com risco de inadimplência assumidos pelos bancos. Serão
ofertadas 150 mil vagas em 2018 para as regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste.
A terceira modalidade também vai atender estudantes
com renda per capita mensal de até cinco salários-mínimos com recursos
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O risco
de crédito também será dos bancos. Serão ofertadas 60 mil vagas para
todos as regiões do país.
Pagamento de atrasados
Para
quem está devendo prestações do plano, foi criado o Programa Especial
de Regularização do Fies. O programa permite que aqueles que tiverem
contratos atrasados, com parcelas vencidas até 30 de abril de 2017,
possam fazer o pagamento quitando 20% do saldo em cinco vezes e o
restante em até 175 parcelas.
Fundo Garantidor
A
lei que altera o Fies também cria o Fundo Garantidor do Fies (FG-Fies)
que será de adesão obrigatória pelas faculdades que participam do
programa. O objetivo do fundo é garantir o crédito para os
financiamentos. Dessa forma, mesmo com o aporte da União, o fundo será
formado principalmente por aportes das instituições. A previsão é de
tenha caixa de R$ 3 bilhões.
Sustentabilidade
De
acordo com o Ministério da Educação, as mudanças têm o objetivo de
garantir a sustentabilidade e continuidade do programa. Dados do
ministério apontam que a taxa de inadimplência do Fies atingiu 50,1% e,
em 2016, o ônus fiscal do fundo foi de R$ 32 bilhões. A expectativa do
ministério é que a taxa de inadimplência caia para uma média de 30%.
Agência Brasil
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