Nova espécie é possivelmente o mais pesado organismo vivo descoberto em 2017
Uma
nova espécie de árvore, nativa de uma pequena área de Mata Atlântica do
Espírito Santo, pode ser o organismo vivo mais pesado descoberto em
2017. Conhecida localmente como jueirana-facão, ela pode chegar a 40
metros de altura e pesar até 62 toneladas.
A
descoberta é da equipe liderada pelo britânico Gwilym Lewis, do centro
para ciência Kew, do Royal Botanic Gardens, em parceria com sua colega
Hannah Banks, o brasileiro Geovane Siqueira, da Reserva Natural Vale, e a
canadense Anne Bruneau, da Universidade de Montreal.
A espécie recebeu o nome científico de Dinizia jueirana-facao G.P.
Lewis & G.S. Siqueira e faz parte da família das leguminosas.
Criticamente em Perigo de extinção, só foram encontrados 25 exemplares
dela no mundo – o que explica como um organismo tão grande permaneceu
desconhecido na literatura científica até hoje.
Todos os anos, são
descritas 2 mil novas espécies de plantas e 10% destes estudos vêm do
Kew. Porém, a maior parte dessas publicações são referentes a diferenças
em níveis moleculares ou de reclassificação de espécies, que podem ter
sido classificadas com o gênero errado, e não espécies ainda não
nomeadas. “Se espécies gigantescas como essa estão sendo descritas como
novas para a ciência no século 21, imagine quantos organismos menores
ainda estão aguardando serem descobertos?”, escreve Lewis no blog do Kew.
Colaboração internacional
A Dinizia jueirana-facao
foi coletada pela primeira vez em flor, há pouco mais de uma década,
por Renato Jesus, então gerente de biodiversidade da Reserva Natural
Vale. “Eu venho trabalhando com leguminosas por muitos anos, então
Renato enviou um espécime para Kew para que eu analisasse, com a
sugestão original de que a árvore talvez pertencesse ao gênero de
legumes Parkia”. Aquela tinha sido a primeira vez, nos 27 anos de Jesus
na reserva, que a árvore tinha florescido, então não era possível saber
se o exemplar tinha chegado à maturidade ou tinha tempos de floração e
frutificação não regulares ou anuais.
Logo
ficou evidente que as flores analisadas em Kew não faziam parte do
gênero Parkia e foi iniciado o processo de reunir mais dados. “No ano
seguinte, as frutas foram enviadas do Brasil para Kew. Elas são grandes
gotas lenhosas, com quase meio metro de comprimento, e se parecem muito
com a bainha de couro de uma machete”. É nas frutas que o nome popular
foi inspirado.
O
DNA da planta foi, então, analisado por Anne Bruneau, em Montreal, que
concluiu que a nova árvore tinha uma proximidade muito grande com a Dinizia excelsa Ducke (angelim-vermelho),
largamente encontrada na Amazônia e que pode chegar a até 60 metros de
altura. Especialista em pólen, Banks descobriu que os grãos produzidos
pela nova espécie eram diferentes da sua irmã amazônica. Geovane
Siqueira enviou, então, ainda mais materiais de pesquisa, como imagens e
observações, tornando possível afirmar que eles haviam, de fato,
descoberto uma nova espécie.
“Fornecer
um nome científico a essa espécie magnífica irá garantir que possa ser
registrada apropriadamente e ajudar a destacar o seu estado ameaçado”,
afirma Lewis. Ele tem esperanças que a divulgação do estudo ajude a
preservar a planta e o seu habitat.
O estudo foi descrito apenas na revista Kew Bulletin, publicada pelo próprio Royal Botanic Gardens.
[Kew Science, Phys.org] - Por Jéssica Maes
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