domingo, 24 de dezembro de 2017

Filho de prefeita é assassinado na frente dela

Sem Polícia Militar, Rio Grande do Norte tem político morto na frente da mãe prefeita

Somente na Grande Natal, mais de 250 crimes foram registrados nestes últimos dias.



Alan John Romão Soares tinha 36 anos (Foto: Arquivo Pessoal)
Alan John Romão Soares tinha 36 anos (Foto: Arquivo Pessoal)
O filho da prefeita de São José do Campestre, no Rio Grande do Norte, foi morto a tiros por homens armados que cercaram o carro onde eles estavam, neste sábado (23). Alan John Romão Soares, de 36 anos, era secretário municipal de Finanças e Tributação.
A prefeita Alda Romão (PSD) estava no carro, mas não foi ferida. O município completa 69 anos de emancipação política justamente neste sábado (23). Ninguém foi preso e ainda não se sabe a motivação do crime.
O RN sofre com a falta de policiamento ostensivo nas ruas. Aquartelados desde a terça-feira (19), praças e oficiais protestam contra a falta de salários. Somente na Grande Natal, mais de 250 crimes foram registrados nestes últimos dias.
Policiais que atenderam a ocorrência após o crime disseram que a prefeita e o filho estavam em visitação a um bairro para a entrega de um calçamento. Foi quando os assassinos, encapuzados, se aproximaram e cercaram o carro.
Insegurança
Em Taipu, cidade distante 60 quilômetros de Natal, o desembargador aposentado Osvaldo Soares da Cruz, ex-presidente do Tribunal de Justiça do estado, foi vítima de um assalto seguido de sequestro relâmpago na madrugada deste sábado (23).
Já em Mossoró, segunda maior cidade do estado, quatro pessoas foram assassinadas e uma criança de 1 ano e 11 meses baleada e socorrida ao hospital. Os crimes aconteceram entre a noite da sexta (22) e madrugada deste sábado (23). Na cidade, apenas 30% do efetivo está nas ruas.
O Rio Grande do Norte vem sofrendo com a falta de policiamento militar nas ruas desde a terça (19). Além de exigir o pagamento em dia dos salários, os PMs também dizem que só deixam os batalhões com viaturas, materiais de proteção e armas em condições adequadas de uso. Por isso, alegam que não estão em greve, mas realizando uma operação chamada 'Segurança com Segurança'.
Agentes, escrivães e delegados da Polícia Civil se uniram ao protesto e estão trabalhando em escala de plantão. Isso significa que desde o início do movimento apenas as delegacias de plantão e as regionais estão funcionando. Agentes penitenciários estão em greve, o que impede a realização de visitas e banhos de sol nos presídios do estado.
Desde o início da paralisação, o comércio de rua na capital vem registrando vários casos de arrastões, arrombamentos e saques. Além disso, houve um pico de roubos de veículos entre quarta-feira e quinta-feira: 36 casos foram registrados, contra uma média de 20.
Neste ano, o estado registrou mais de 2,4 mil homicídios – o maior número da história.
Paralisação contestada
O governo do estado tentou, na Justiça, obrigar os policiais a voltarem ao trabalho nas ruas, alegando que a paralisação é uma greve disfarçada. Mas, até o momento, não teve sucesso. Na quinta (21), o desembargador Dilermano Motta, do TJ, negou pedido feito pela Procuradoria-Geral do Estado para suspender a paralisação feita pelas polícias Civil e Militar.
Nesta sexta (22), o governo fez um novo pedido para que o TJ considerasse ilegal a paralisação dos policias, fato que foi novamente negado.
WSCOM com G1

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