Conflito entre delegados e agentes coloca Polícia Civil da Paraíba em “guerra”

Enquanto
a população paraibana vivencia dias de medo com recorrentes ataques a
bancos, assaltos e assassinatos, conflitos internos na Polícia Civil
afetam a segurança pública. Agentes de investigação, que buscam melhoria
salarial, e delegados trocam acusações. “A corda” ficou ainda mais
esticada nesta semana, quando agentes, escrivães e motoristas
paralisaram as atividades por 24 horas.
A presidente da Associação
dos Policiais Civis da Paraíba, Suana Melo, admitiu que existe um
embate entre as categorias e que um terço do efetivo dos delegados está
criando uma Polícia Civil segregada, impedindo melhorias para os
investigadores como forma de mantê-los subservientes.
Por sua vez,
o presidente da Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de
Polícia da Paraíba, Cláudio Lameirão, negou, em contato com o Portal MaisPB, que haja atrito com os agentes por parte dos delegados.
No
interior da 2ª Delegacia Distrital de Campina Grande, um conflito entre
agentes que realizavam um manifesto e o delegado plantonista teve dedos
em riste e troca de insultos. Os envolvidos na confusão precisaram ser
contidos para que não houvesse agressão física. (Veja vídeo no final da matéria)
Os
policiais argumentam que o delegado Luciano Mendonça teria designado
uma servidora sem vínculo institucional com a Polícia Civil para
desempenhar a função de escrivã e confeccionar boletim de ocorrência.
“Isso
só demonstra a forma arbitrária e perseguidora como os gestores tratam
os investigadores. A paralisação foi comunicada previamente, foi mantido
o atendimento mínimo de 30%. Essa é uma clara tentativa de
desqualificar o movimento. São ameaças, casos de assédio moral”, revelou
a presidente da Aspol, Suana Melo ao Portal MaisPB.
Conversas
de um grupo de delegados que vazaram na web mostram a articulação para
cortar o ponto dos policiais que aderiram ao movimento, reforçando a
queda de braço entre as categorias. Um dos delegados cobra aos colegas
os nomes e matrículas dos policiais que paralisaram as atividades.
“Não
vamos passar a mão na cabeça de ninguém não, pois está em jogo nosso
cargo, nossa hierarquia. Coloquei falta nos servidores que tenho muito
apreço, mas sou profissional e tenho que agir com imparcialidade, sem
paixões”, afirma um delegado em mensagem ao grupo. O mesmo delegado
chega a chamar os manifestantes de “rebeldes”.
A Aspol garantiu
que irá acionar o setor jurídico para evitar qualquer retaliação aos
manifestantes. O Ministério Público também será acionado para apurar
casos de assédio moral, desvio de função e para que o Núcleo Externo de
Controle da Atividade Policial (Ncap) faça uma intervenção.
Secretário admite conflito interno: “É moda”

Ao Portal MaisPB, o secretário de Segurança Pública da Paraíba, Cláudio Lima, admitiu que há um conflito entre as
categorias. “É uma moda hoje, agente brigando com delegado. Acontece
até na Polícia Federal, parece que copiaram aqui”, pontuou.
Segundo
o secretário, foi instaurado um Termo de Circunstanciado de Ocorrência e
o caso envolvendo um delegado de Campina Grande e um agente da Polícia
Civil será levado para a Corregedoria da Secretaria, que deverá tomar
uma atitude em até 30 dias.
Confira vídeo da confusão entre policiais civis e delegado em Campina Grande:
MaisPB
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