Governo estuda projeto para abastecer o São Francisco com águas do rio Tocantins
![]()  | 
| Seca castiga Bacia do Rio São Francisco e faz necessário repensar usos das águas | 
A
 água correu menos de 10 km em cada canal e não passou das estações de 
bombeamento. O Ministério da Integração Nacional confirmou que analisa, 
no Programa Nacional de Segurança Hídrica, “alternativas para garantir 
ainda mais segurança hídrica aos moradores do semiárido, entre elas a de
 integrar a Bacia do Tocantins à Bacia do Rio São Francisco”, mas não 
deu detalhes.
O
 principal projeto prevê a retirada da água na altura do município de 
Palmeirante (TO). A água sairia pelo Maranhão até o reservatório de 
Sobradinho (BA), onde estão as principais barragens do Velho Chico. É 
perto dali, no reservatório de Itaparica, que começa a transposição para
 o semiárido. O trajeto evita a região do Jalapão, cujo projeto já foi 
considerado ambientalmente inviável, por atingir as nascentes do 
Tocantins.
Em
 setembro passado, começou a tramitar na Câmara dos Deputados como parte
 do “Plano Nacional de Viação” um projeto do deputado Gonzaga Patriota 
(PSB-PE). Procurado, Patriota afirmou que não tem outra alternativa para
 concretizar a transposição das águas do Rio São Francisco senão usando 
águas do Tocantins e que foi chamado pelo Ministério da Integração para 
discutir o tema. O objetivo do projeto era fazer uma hidrovia, mas o 
texto diz que “no caso de escassez de água no rio São Francisco, teremos
 condições de reserva de parte das águas do rio Tocantins, para o rio 
São Francisco”.
—
 A nascente secou e isso fez cair a ficha de todos, mas a Bacia do São 
Francisco está castigada. É preciso repensar os usos das águas do Rio 
São Francisco — afirma o vice-presidente do Comitê, Wagner Soares Costa.
Segundo
 Costa, 146 municípios da Bacia do São Francisco já decretaram situação 
de emergência e calamidade pública devido à seca em Minas. O Comitê vai 
pedir redução da vazão no reservatório de Três Marias, para evitar que 
ele atinja o volume morto em outubro. Os municípios terão que alterar 
sistemas de captação de água e o custo deverá ser arcado pela Defesa 
Civil.
A
 seca tornou urgente a discussão sobre o rio São Francisco. Com os 
eventos climáticos, a tendência é que o semiárido fique ainda mais seco.
 O governo federal já iniciou estudos para mapear e acompanhar áreas de 
desertificação no Nordeste. O rio já perdeu de 30% a 40% de seu caudal.
Demanda por água ampliada
A
 Articulação São Francisco Vivo ressalta que “a crise hídrica se deve 
também e principalmente aos múltiplos, crescentes e conflitantes usos de
 suas águas, matas, solos e subsolos, decorrentes do modelo econômico 
predatório; agravou-se de tal forma que os danos e riscos aumentam e 
assustam”. Na semana que vem, a entidade pedirá moratória para o rio São
 Francisco aos ministérios públicos dos estados cortados por ele. O 
objetivo é rever usos antes que seja iniciada outra megaobra.
—
 Temos que evitar uma obra em cima da outra. Todos os programas do 
governo só ampliam a demanda de água do rio, mas sem pensar na 
conservação e na equação de uso — diz Roberto Malvezzi, da Articulação 
São Francisco Vivo.
O Globo

Nenhum comentário:
Postar um comentário