Ex-atriz pornô, Vivi Fernandez estrela pegadinhas no SBT
Ela
já foi loira assassina, uma palmeirense que se vê no meio de torcedores
do Corinthians, uma cega perdida num vestiário masculino e uma
deficiente física na cadeira de rodas. Na “Câmera Escondida”, do
“Programa Silvio Santos”, Vivi Fernandez pode ser de tudo um pouco nas
pegadinhas (inéditas ou não) que há anos fazem a alegria do patrão e seu
auditório.
A atriz e empresária tem estrada nas brincadeiras mais
nonsense da TV brasileira, que conquistaram o mundo em versões trash ou
superproduzidas baseadas em filmes de terror. Vivi começou no extinto
“Topa Tudo por Dinheiro” com a turma de Gibe, Ruth Romcy, Ivo Holanda e
companhia. Há cerca de oito anos, voltou às ruas para fazer novas
vítimas após passar por outros programas da linha de shows do SBT como
“Meu Cunhado” e “A Praça é Nossa”. “Eu gosto de atuar com humor. Desde
que fiz as primeiras pegadinhas, cai nas graças da direção e, claro, do
Silvio Santos. Ele sempre ria muito e elogiava meu desempenho nas
brincadeiras”, diz.
Vivi comemora o sucesso nas pegadinhas porque
vê, de certa forma, como uma volta por cima. Ela, que já tinha tirado a
roupa em revistas masculinas e estrelado quatro filmes pornôs,
estabelece que há uma diferença enorme na maneira como trabalha com seu
corpo atualmente. É que nas pegadinhas, semelhante a trabalhos
anteriores, muitas vezes Vivi aparece nua.
“Eu não fiquei agarrada
naquele estereótipo só da mulher gostosa ou da loira burra. Eu consigo
fazer quem está em casa dar risada das situações. Eu não me prendo a
esse biotipo. Quando estou gravando, não me vejo dessa forma. Tanto que
em cada brincadeira eu estou de um jeito. Nem sempre é na linha sensual.
É uma forma de mostrar a minha versatilidade, afinal já estou com quase
40 anos e não dá para fazer somente a linha de biquíni, né?”, afirma.
“Não tem mais aquele peso, de eu ser a mulher gostosa, das pessoas
repararem no corpo. Eu não sou criticada. Não tem aquela coisa ‘Nossa,
que vulgar’. Nas câmeras escondidas, as pessoas não me olham assim. É
como se fosse outra vertente da minha carreira. É como se nem as
revistas ou os filmes tivessem existido. O corpo é uma ferramenta para
instigar a brincadeira, mas sempre com leveza e humor”, pontua.
“Poderia ter queimado meu filme”
Vivi
Fernandez não tem qualquer problema em falar sobre seus filmes adultos –
embora não tenha a menor vontade de repetir a experiência. A atriz fez
os quatro filmes com seu então namorado, uma exigência que ela mesma fez
à produtora na época a fim de tentar minimizar possíveis riscos a sua
carreira ainda iniciante e, também, para tentar preservar como podia o
relacionamento.
“Eu nunca mais faria novamente. Não me arrependo
porque fiz pelo dinheiro, comprei casa, apartamento, carro, mas vi que é
um trabalho que não dá para mim. É muito desgastante. A gente não pensa
no futuro. Sempre tive vontade de casar, ter filhos… Na hora você não
imagina que é algo que ficará enraizado para sempre. É uma coisa
imediatista. Não pensei nisso. Está tudo na internet. Hoje eu tenho essa
preocupação. Se eu tiver um filho, como ele vai reagir?”, reflete ela,
que reatou há um mês seu casamento e espera poder engravidar em breve.
A
preocupação que Vivi realmente tinha quando fez os filmes era o de
queimar o seu grande sonho de fazer carreira na televisão. Desde
pequena, ela se recorda que gostava de aparecer em peças de teatro e
brincar com microfone. Anos depois, tentou ser a nova loira do Tchan no
lugar da Carla Perez, mas acabou sendo desclassificada antes da etapa no
palco do “Domingão do Faustão”. Mesmo frustrada, não esmoreceu e correu
atrás. Trabalhou com Alexandre Frota no programa “Galera”, foi
dançarina de Luciano Huck no “H” e virou malandrinha de Sergio
Mallandro.
“Eu poderia [com os filmes pornôs] ter queimado o meu
filme geral. É uma vitória ter feito seis revistas, os filmes e
continuar trabalhando na televisão – e dentro de uma emissora em que a
programação é voltada para a família. Sou uma pessoa de sorte. Muita
sorte. E é uma vitória, também, contra o preconceito”, celebra.
Vivi
afirma que cada detalhe do filme foi devidamente ensaiado e gravado com
ajuda de roteiro e equipe técnica. A única ponte com a realidade era o
casal de namorados em cena. Até o prazer, conta, era falso: “Muita coisa
eu não quis fazer e fugia da linha do pornô. O meu filme perto de
outros foi água com açúcar. Não era escancarado demais. Não tinham
xingamentos… Não tinham os clichês de filmes pornôs. Eu fugi disso tudo.
Mas não me ajudou em nada no meu relacionamento. Aquilo é uma grande
mentira”.
Ainda que não se arrependa, e nem tenha a intenção de,
se possível fosse, apagar seu passado, a loira fatal da Paquera na
Escada Rolante, exibida recentemente no “Programa Silvio Santos”, define
em uma palavra o que sente quando alguém toca no assunto: vergonha.
“Até
hoje sinto constrangimento. Se alguém me cita essa passagem da minha
vida na rua, eu fico sem graça. Eu sei o que a pessoa viu e me causa
vergonha. Eu tenho que ser forte. Tenho que ser mulher. Não vou fazer
drama e a linha de agora estou arrependida ou virei evangélica. Não me
escoro atrás disso. As pessoas que compraram esse produto são as pessoas
que me acompanham até hoje. Quando falo que sou contra, estou agredindo
esse início de mercado que conquistei. Não posso cuspir para o alto.
Mas não é o trabalho que eu faria de novo”, explica.
Os filmes, no
entanto, ainda carregam um preço alto — que ela paga tendo que provar
com seu talento diariamente: “Foi uma escolha que eu fiz e que vou arcar
para sempre. Tenho que ser sempre bem melhor do que outro ator. Sempre
serei cobrada. Qualquer erro que eu possa cometer, a pessoa pode vir com
esse preconceito de dizer, ‘ah, mas fez filme, saiu pelada… Tenho que
ter uma conduta exemplar. Se eu fosse homem, com certeza não teria esse
peso”.
A gata das pegadinhas da “Câmera Escondida” se viu em uma
nova polêmica quando entrou com um processo contra Sergio Mallandro. A
ex-malandrinha acusou o apresentador de abuso sexual, mas perdeu a
batalha na Justiça. Ela diz que agiria de uma forma completamente
diferente hoje em dia.
“Eu não teria processado. Mulher bonita é
cantada mesmo. Se eu ficar toda hora me preocupando com isso, eu não
vivo em paz. Hoje, vejo que se eu tivesse me retirado de cena teria sido
melhor. Eu deveria ter pedido as contas e ter seguido minha vida. Eu
nem acho que foi assédio sexual. Isso é muito pesado. Foi um
comportamento que não me agradou. Se eu não concordava com uma conduta,
era só não trabalhar mais com ele”, lamenta.
Vivi se lembra que o
caso virou manchete de tabloides e pauta em programas de TV: “Eu não
ganhei nada com isso. Foi muita chateação. Um momento de terror na minha
vida e na dele também. Eu expus minha família e as pessoas que me
amavam. Não digo que as mulheres não tenham que fazer isso. Tem que
colocar a boca no trombone mesmo, mas quando isso aconteceu foi com uma
pessoa conhecida. Tomou uma proporção bem maior do que era o fato em
si”.
BOL

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