Brasileiros preferem depilação completa da região íntima feminina, revela pesquisa
Um levantamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP mostrou que 64% das mulheres e 62% dos homens preferem depilação completa
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Em ambos os gêneros, a preferência pela depilação íntima feminina completa foi maior entre os mais jovens - (iStock/Getty Images) |
A maioria dos homens e mulheres brasileiros tem
preferência pela remoção completa dos pelos da região íntima feminina,
segundo um estudo realizado pelo Ambulatório de Estudos em Sexualidade
Humana da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(FMRP – USP). A pesquisa, feita pela psicóloga Maria Luiza Sangiorgi,
mostrou que 64,3% das mulheres e 62,2% dos homens que opinaram preferem a
depilação completa, de um total de 69.920 pessoas de
todas as regiões do país. A média de idade entre os homens foi de 31,9
anos, enquanto a de mulheres foi 28,5 anos. Em ambos os gêneros, a preferência por esse tipo de depilação foi maior entre os mais jovens.
O objetivo do estudo era entender, tendo em vista a escassez de pesquisas sobre o assunto, a influência da depilação feminina
no imaginário dos brasileiros, inclusive dos homens. A princípio, a
equipe acreditava que a preferência seria bem maior entre os homens, mas
a pesquisa mostrou números bastante próximos entre os gêneros.
Higiene e beleza
Os principais motivos relacionados à remoção completa foram a
higiene, para as mulheres, e a beleza, para os homens. “Essa
preferência também foi percebida entre os homens homossexuais, eles
também consideram a genitália mais bonita dessa forma”, salienta Maria
Luiza. “A única faixa etária que percebemos uma porcentagem maior
de mulheres que preferiam a depilação parcial à completa foi a partir
dos 45 anos”, conta. Por isso, a psicóloga acredita que essa tendência
mudou ao longo dos anos.
Influência da pornografia
Fora do país, esse tipo de depilação total é conhecido como “brazilian wax“.
Pesquisas mais recentes feitas no exterior também mostram a preferência
por essa estética. Segundo a psicóloga, outros estudos ainda indicam a
influência dessa tendência estética relacionada ao conteúdo erótico, onde a genitália é mais explícita e infantilizada, entre
os jovens. Apesar do aumento da quantidade de mulheres que acessam esse
conteúdo, os homens ainda são os maiores consumidores.
“Muitos motivos apontados na literatura mostram que a
pornografia tem ‘moldado’, mesmo que de forma inconsciente, a
preferência entre os jovens, por onde começam a vida sexual”, explica.
Além desse fator, entra também o aumento da procura por cirurgias ginecológicas estéticas
que tornam o órgão genital mais próximo ao da fase pré-púbere, o que
Maria Luiza chama de ‘valorização da Barbie Doll’, uma mulher com
genitália indefinida e sem pelos.
Riscos
Pesquisas anteriores, como a publicada no periódico científico Sexually Transmitted Infections sobre a relação entre doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e a depilação, sugerem
o risco associado entre esses fatores. No entanto, na recente pesquisa,
as mulheres, apesar de suas preferências, relataram não sentir nenhum
sintoma negativo. “Talvez o método de depilação utilizado, a forma, local ou material, traga mais impacto do que a ausência de pelo em si. A grande maioria das mulheres disseram preferir se depilar em casa com lâmina ou cera quente“, afirmou a pesquisadora.
A lâmina, por causar pequenos cortes na pele, pode propiciar
a contração de doenças. Porém, o estudo não procurou observar essa
associação. “Observamos, no entanto, uma frequência sexual maior entre
as pessoas que preferem a depilação genital completa”, disse Maria
Luiza. Para a psicóloga, talvez a questão das doenças sexualmente
transmissíveis esteja ligada a um comportamento sexual de risco, sem o
uso de preservativos, por exemplo, e não necessariamente ao método de
depilação.
A psicóloga salienta a importância de maiores estudos
relacionados ao tema, principalmente no que diz respeito ao entendimento
dos diferentes parâmetros que levam a essa preferência.
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“A única faixa etária que percebemos uma porcentagem maior de mulheres que preferiam a depilação parcial à completa foi a partir dos 45 anos”, conta a psicóloga - (Arquivo Pessoal/Reprodução) |
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