Geddel Vieira Lima é preso pela Polícia Federal sob suspeita de obstruir investigação
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
O ex-ministro Geddel Vieira Lima, que foi preso nesta segunda pela Polícia Federal na Bahia |
O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) foi preso nesta segunda (3) pela Polícia Federal, na Bahia.
A prisão é preventiva –sem prazo determinado de duração– e foi
determinada a pedido do Ministério Público e da Polícia Federal, para
quem o ex-ministro de Michel Temer tentou atrapalhar as investigações.
A PF deflagrou em janeiro a operação Cui Bono? ("A quem beneficia?", em
latim), que mirava Geddel e sua gestão na vice-presidência de pessoa
jurídica na Caixa Econômica, entre 2011 e 2013.
A investigação começou a partir de elementos colhidos em um antigo celular do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Reprodução/TV Globo | ||
Ex-ministro Geddel Vieira Lima chega a Brasília após ser preso na Bahia |
De acordo com nota da Procuradoria da República no Distrito Federal, a
prisão "tem como fundamento elementos reunidos a partir de informações
fornecidas em depoimentos recentes do doleiro Lucio Funaro, do
empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F,
Francisco de Assis e Silva".
Segundo a Procuradoria, o "objetivo de Geddel seria evitar que o
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o próprio Lúcio Funaro firmem
acordo de colaboração com o Ministério Público". Para isso, o
ex-ministro tem atuado, segundo as investigações, "no sentido de
assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, além de monitorar o
comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo."
Em reportagem publicada no último dia 21, a Folha
mostrou que Funaro, preso desde julho do ano passado, entregou à PF
registros de chamadas telefônicas que Geddel fez para sua mulher,
Raquel, por meio do aplicativo Whatsapp.
Na versão do operador, Geddel ligou para sua mulher várias vezes
"sondando" sobre a possibilidade de ele, Funaro, fechar acordo de
delação. Os registros mostram 12 ligações de "Carainho" -apelidado dado a
Geddel na agenda telefônica de Raquel- em oito dias diferentes, após a
imprensa divulgar a delação da JBS.
"Na petição apresentada à Justiça, foram citadas mensagens enviadas
recentemente (entre os meses de maio e junho) por Geddel à esposa de
Lúcio Funaro. Para provar, tanto a existência desses contatos quanto a
afirmação de que a iniciativa partiu do político, Funaro entregou à
polícia cópias de diversas telas do aplicativo. Nas mensagens, o
ex-ministro, identificado pelo codinome "carainho", sonda a mulher do
doleiro sobre a disposição dele em se tornar um colaborador do MPF",
destaca a nota da Procuradoria.
Para os investigadores, "os novos elementos deixam claro que Geddel
continua agindo para obstruir a apuração dos crimes e ainda reforçam o
perfil de alguém que reitera na prática criminosa." A Justiça acatou
também os pedidos de quebra de sigilos fiscal, postal, bancário e
telemático do ex-ministro.
O mandado de prisão foi assinado pelo juiz Vallisney Oliveira, da Justiça Federal no Distrito Federal.
A defesa do peemedebista chamou a prisão do cliente de "absolutamente desnecessária" e disse que o político "deposita sua integridade física nas mãos da autoridade policial".
Geddel deixou o governo Temer, de quem é amigo de longa data, sob acusação de pressionar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero (Cultura) para viabilizar um empreendimento na Bahia, conforme revelou a Folha.
CERCO
A prisão ocorre no momento mais delicado de Temer, com o início da
tramitação na Câmara de denúncia contra ele por corrupção passiva.
Com um quadro de incerteza até mesmo na base aliada, auxiliares
presidenciais receiam que a operação possa ter impactos nos votos de
parlamentares indecisos.
A base governista tem evitado declarar apoio ao presidente na votação da
denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
Além da possibilidade de o presidente perder votos, a avaliação é de que
a prisão é mais um sinal de que o cerco da Lava Jato sobre o Palácio do
Planalto deve aumentar.
Neste final de semana, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que "enquanto houver bambu, lá vai flecha".
Janot fica no cargo até 17 de setembro e deve apresentar mais denúncias contra o presidente.
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