Relator vê abuso de poder na chapa Dilma-Temer, indica cassação, mas adia voto
Dia foi marcado por polêmicas sobre a inclusão de depoimentos de delatores da Odebrecht
Após três sessões de julgamento que totalizaram mais de dez horas,
apenas nesta quinta-feira (8), o TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
interrompeu por volta das 20h (horário de Brasília) as atividades
durante o voto do relator do processo de cassação da chapa Dilma-Temer,
ministro Herman Benjamin. Os trabalhos serão retomados às 9h desta sexta
(9) e devem ser encerrados à tarde.
O dia foi marcado por polêmicas sobre a inclusão de depoimentos de
delatores da Odebrecht e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura ao
TSE. Para as defesas de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB), o
aproveitamento deste conteúdo iria além do previsto na ação proposta
ainda em 2014 pelo PSDB - adversário da chapa naquele ano e hoje o
principal aliado do governo Temer.
O tribunal ainda precisa decidir sobre o pedido dos advogados. Mais
cedo, a maioria dos ministros já indicou que deve aceitar o argumento da
defesa. Tanto os executivos da Odebrecht, como Marcelo Odebrecht,
ex-presidente da empreiteira, quanto João Santana e Mônica Moura
afirmaram ao TSE que a campanha de 2014 da chapa recebeu recursos
irregulares.
Apesar de não ter concluído a análise do mérito, Benjamin iniciou a
leitura de seu voto e considerou que a chapa Dilma-Temer incorreu em
abuso de poder econômico e político por ter recebido recursos ilegais.
Segundo o relator, isso ocorreu tanto por meio de caixa dois (doações
não declaradas) como por doações oficiais feitas com dinheiro de propina
de contratos da Petrobras.
RELATOR DIZ QUE CHAPA TINHA "PROPINA-GORDURA" E COMETEU ABUSO ECONÔMICO
Benjamin chegou a considerar um "milagre" que o TSE esteja analisando
tais irregularidades, principalmente no que diz respeito à Odebrecht, e
enalteceu a Operação Lava Jato. "Não haverá outra oportunidade para
apurar fatos desta natureza aqui. Para o TSE, eu não vejo como. E sabe
por quê? Porque no caso específico da Odebrecht, existia um sistema tal
de proteção e sofisticação que seria impossível apurarmos o que foi
apurado aqui se não fosse a Lava Jato."
Se a cassação for confirmada, o tribunal passará a analisar também se
aplica a pena de inelegibilidade à chapa, com a proibição de que Dilma e
Temer disputem novas eleições por oito anos.
UOL
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