Ambientalistas noruegueses protestam contra Temer em Oslo, capital da Noruega
Organizações alegam que desmatamento aumentou 30% em seu mandato

O presidente Michel Temer foi recebido sob protestos de ambientalistas
ao se reunir com a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, nesta
sexta-feira. O grupo se posicionou em frente a sede do governo da
Noruega e protestou contra a destruição da floresta tropical e dos
direitos indígenas no Brasil. As organizações alegam que durante seu
mandato, o desmatamento da maior floresta tropical do mundo aumentou
aproximadamente 30%. Ontem (quinta-feira, 22), o país já havia anunciado
que cortaria o envio de dinheiro para o combate ao desmatamento no
Brasil.
A redução do dinheiro foi anunciada por Oslo, depois que o governo
informou ao Brasil de que a taxa de desmatamento tem aumentado. Pelo
acordo de 2008, o dinheiro liberado de mais de US$ 1,1 bilhão é reduzido
sempre que isso ocorrer. Em dois anos, o Brasil já terá perdido R$ 196
milhões.
Nesta sexta-feira, dia 23 de junho, várias organizações norueguesas que
trabalham em defesa do meio ambiente e dos direitos humanos estiveram
em frente a casa da primeira ministra norueguesa, fazendo protestos. O
presidente brasileiro foi recebido aos gritos de “fora Temer”. Para o
grupo, a direção política que Temer está seguindo é um desastre, não
somente para a floresta tropical como também para os povos indígenas do
país e para os defensores dos direitos humanos.
Sônia Guajajara, uma das lideranças indígenas mais reconhecidas no
Brasil, ressaltou que o presidente representa uma ameaça direta aos
povos indígenas no Brasil. Guajajara pede que a sociedade internacional,
e a Noruega em especial, exerçam pressão política para influenciar o
Brasil a acabar com a perseguição de ativistas e a destruição da
floresta. “Temer não cumpre com suas obrigações e não respeita os
direitos constitucionais. Os seus ataques aos direitos dos povos
indígenas e ao meio ambiente são de uma magnitude nunca antes vista”,
disse.
Democracia em falência
As organizações também ressaltam que a CPI do INCRA e da FUNAI foi
concluída recentemente e acabou sugerindo a criminalização de defensores
de direitos e lideranças indígenas.
“O governo do Temer está promovendo mudanças políticas que causarão
aumento da pobreza e um aumento ainda maior da diferença entre pobres e
ricos. Uma das decisões políticas mais drásticas tem sido manter o teto
dos gastos nas áreas de saúde, educação e serviços sociais no nível de
2016 para os próximos 20 anos. Ao mesmo tempo, as instituições
democráticas do país estão sendo enfraquecidas e os nossos parceiros
estão bastante preocupados com a perseguição da sociedade civil”, disse o
coordenador da organização não-governamental Ajuda da Igreja
Norueguesa, Arne Dale.
O desmatamento tem que diminuir
“A Noruega tem que exigir que o Brasil cumpra com os seus deveres
conforme acordos internacionais e nacionais. Quando a primeira ministra
se reunir com o presidente Temer nesta sexta, é necessário que ela
alerte, claramente, que a Noruega se verá obrigada a reduzir o seu apoio
ao Fundo Amazônia de forma significativa, caso os ataques contra a
floresta e seus povos continuem”, disse o Lars Løvold, diretor da
Rainforest Foundation Noruega.
As ONGs organizadoras do protesto pediram às autoridades norueguesas
firmeza no diálogo com Temer, e pressão para que ele providencie
proteção para os povos indígenas e suas lideranças, assim como o
cumprimento das obrigações internacionais para redução do desmatamento e
das emissões do Brasil.
Durante o encontro desta sexta-feira (23), a primeira-ministra da
Noruega, Erna Solberg, não poupou críticas à corrupção no Brasil em uma
coletiva de imprensa ao lado de Temer. “Estamos preocupados com a Lava
Jato e é preciso fazer uma limpeza e encontrar uma solução”, disse a
chefe-do-governo norueguês, que também apontou que o Brasil vive um
período “desafiador” e “turbulento”.
Congresso em Foco
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