Polícia Federal vê indícios de corrupção do presidente Michel Temer
Publicado por: Ivyna Souto
Presidente Michel Temer |
A
Polícia Federal aponta indícios de crime de corrupção passiva cometido
pelo presidente Michel Temer e por seu ex-assessor e ex-deputado Rodrigo
Rocha Loures (PMDB-PR) no inquérito aberto com base na delação do
empresário Joesley Batista, do Grupo J&F – controlador da JBS.
Relatório parcial da investigação foi encaminhado nesta segunda-feira,
19, ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF também pediu mais cinco dias de prazo para encerrar a apuração. O
inquérito que investiga Temer e Rocha Loures não foi concluído na parte
em que são apurados crimes de organização criminosa e obstrução de
Justiça. O laudo final da perícia nos áudios gravados por Joesley não
foi totalmente finalizado.
O ministro Edson Fachin, relator do caso e da Operação Lava Jato no
Supremo, deverá se manifestar nesta terça-feira, 20, sobre a solicitação
da PF de mais prazo para o encerramento do inquérito.
A conclusão ligada ao indício de corrupção teve como base o laudo
referente a duas conversas gravadas entre o executivo Ricardo Saud, da
J&F, e Loures. Além disso, foi incluída análise do vídeo em que o
ex-deputado é flagrado levando uma mala de R$ 500 mil ao deixar um
restaurante em São Paulo.
Apesar de tentar indicar outra pessoa para receber os valores – ele
sugere o nome de “Edgar” –, o então deputado federal acabou combinando
de pegar a mala de propinas em uma pizzaria indicada por ele na capital
paulista.
O valor, conforme a delação, seria entregue semanalmente pela JBS ao
peemedebista, em benefício de Temer, como foi informado, nas gravações,
pelo diretor de Relações Institucionais da holding. “Eu já tenho 500
mil. E dessa semana tem mais 500. Então você te um milhão aí. Isso é
toda semana. Vê com ele (Michel Temer)”, disse Saud a Loures em um
diálogo gravado.
Rocha Loures é suspeito de exercer influência sobre o preço do gás
fornecido pela Petrobrás à termoelétrica EPE – o valor da propina,
supostamente “em benefício de Temer”, como relataram executivos da JBS, é
correspondente a 5% do lucro que o grupo teria com a manobra.
Perícia
O áudio gravado por Joesley da conversa com Temer no Palácio
do Jaburu, no dia 7 de março, possui vários trechos inaudíveis. O
empresário e delator sustenta que Temer deu aval para a compra do
silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do operador
financeiro Lúcio Funaro para que eles não fizessem delação premiada.
Caso Fachin aceite o pedido da PF, o prazo dos delegados se encerrará
na no próximo sábado, 24. Depois disso, o inquérito concluso deve
seguir para a Procuradoria-geral da República que terá mais cinco dias
para decidir se denuncia Temer e Loures ou se arquiva a investigação.
A PF disse que não comentaria o pedido de dilação no prazo. Em outras
ocasiões, o Planalto negou qualquer prática ilícita envolvendo Temer.
Processos. Nesta segunda-feira, Temer embarcou para Rússia e Noruega,
onde ficará até sexta-feira. Antes de viajar, o presidente ajuizou dois
processos contra Joesley. Ele acusa o empresário de agir por “ódio”
para prejudicá-lo e “se salvar dos seus crimes”.
Uma das ações é por danos morais e outra por difamação, calúnia e
injúria. Ambas são assinadas pelo advogado do PMDB, Renato Oliveira
Ramos. As petições não estabelecem um valor para a indenização. Caso
vença as ações judiciais, Temer pretende doar os valores da indenização a
uma instituição da caridade.
O presidente também divulgou um vídeo à tarde nas redes sociais no
qual disse que “criminosos não ficarão impunes”, como uma forma de
resposta às denúncias feitas por Joesley. O empresário, em entrevista à
Época, afirmou que o presidente liderava a “maior organização criminosa
do País”.
Nas ações protocoladas na Justiça Federal e na comum, que são
praticamente idênticas, a defesa do presidente afirmou que Joesley
“passou a mentir escancaradamente e a acusar outras pessoas para se
salvar dos seus crimes” e o acusa de ser “o criminoso notório de maior
sucesso na história brasileira”, uma vez que conseguiu um acordo de
delação premiada que o permite ficar em liberdade e morar no exterior.
Sem citar os governos do PT, o documento afirmou que é preciso
“rememorar os fatos” de que o Grupo J&F, do qual Joesley é
acionista, recebeu o primeiro financiamento do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2005, “muito antes” de
Temer chegar ao Palácio do Planalto.
Com Temer fora do País, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e
da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, terão a missão de
reaglutinar a base aliada no Congresso.
Fonte: Estadão
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