Ex-presidente vê sistema político "podre" e defende mais privatizações contra corrupção
O
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez duras críticas à classe
política e pediu que o Brasil amplie as privatizações de estatais para
evitar novos casos de corrupção nessas companhias, após recentes
escândalos na Petrobras e na Eletrobras, as duas maiores empresas
públicas do país.
"Nosso sistema político deu cupim nele, está todo podre, ele bichou, e a
população percebeu isso", disse o ex-presidente, que participou nesta
quarta-feira de evento para discutir o futuro da Eletrobras na Fundação
Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo.
"O que puder privatizar, privatiza, porque não tem outro jeito. Essa não
é minha formação cultural, mas não tem mais jeito, ou você realmente
aumenta a dose de privatização, ou você vai ter de novo um assalto ao
Estado pelos setores políticos e corporativos", disse o ex-presidente.
Ele ainda teceu elogios à gestão do atual presidente da Eletrobras,
Wilson Ferreira Jr., que assumiu a companhia em julho passado, pouco
após o impeachment da presidente Dilma Rousseff e o início do governo
Michel Temer.
O executivo tem conduzido um programa de reestruturação da companhia que
prevê a privatização de suas seis distribuidoras de eletricidade que
atuam no Norte e Nordeste até o final deste ano, além da venda de ativos
de geração e transmissão.
Mas FHC ressaltou que as privatizações devem enfrentar resistência de
políticos e sindicatos, e lembrou que seria preciso garantir que
estatais como a Eletrobras pudessem continuar com boa gestão mesmo com
futuras mudanças de governo e de executivos.
Ele lembrou que seu governo só conseguiu privatizar uma subsidiária da
Eletrobras, a Gerasul, que reunia ativos de geração da companhia no Sul
do país, vendida em 1998 à Tractebel, que atualmente opera com o nome de
Engie Brasil Energia.
"Por que só conseguimos privatizar a Gerasul? Porque era impossível
enfrentar os blocos de poder nas outras empresas. Tentei o que podia,
era impossível, no fundo era um condomínio enorme...quando se fala 'uma
estatal pertence ao povo', não, pertence aos políticos e aos grupos de
interesse ali organizados, e isso continua", atacou o ex-presidente.
"Não é que a burocracia estatal não seja capaz de chegar a uma boa
performance, o que não é capaz é o sistema político", concluiu.
Ele elogiou ainda o atual momento do Brasil com a operação Lava Jato, em
que autoridades investigam um enorme esquema de corrupção no país, e
disse que é importante haver prisões de políticos para gerar a
possibilidade de mudanças na cultura do país.
Msn.com
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