Advogada suspeita de elo com tráfico de dr0gas volta a prisão após desacato
Ana Paula Nelson, que foi presa em 2016 durante a Operação Medellín, em Natal, estava em liberdade provisória
Créditos: Advogada e o marido dela, o policial Iriano Feitosa, assassinado em fevereiro de 2016 - (Foto: Ana Paula Nelson/Arquivo Pessoal) |
A advogada Ana Paula da Silva Nelson, presa em setembro de 2016 durante
uma operação que investiga a atuação de uma quadrilha de traficantes de
drogas no Rio Grande do Norte – e que estava em liberdade provisória –
voltou para a prisão. Policiais civis cumpriram, na noite desta quinta
(8), um novo mandado de prisão por ela estar descumprindo exigências
impostas pela Justiça.
No despacho que ordenou a prisão da advogada, o juiz Kennedi de
Oliveira Braga, da 9ª Vara Criminal de Natal, relata que a advogada
entrou em um presídio usando um celular e ainda acabou destratando, com
palavras ofensivas, dois agentes penitenciários.
Ainda de acordo com o magistrado, Ana Paula também não estaria pedindo
autorização para se ausentar da cidade, tendo feito viagens sem o
conhecimento da Justiça.
Após ser presa, a advogada foi levada para o Quartel do Comando Geral
da Polícia Militar, onde permanece à disposição da Justiça.
Defesa
A reportagem falou com o presidente da Comissão de Defesa das
Prerrogativas e Valorização da advocacia da OAB no RN, que se manifestou
acerca da prisão da advogada. Segundo o advogado Deywsson Gurgel, “na
visão correta com que o Estado brasileiro enxerga o Direito, o cidadão
merece ter sua dignidade garantida até que o Poder Judiciário o condene,
a isso se dá o nome de ‘princípio da inocência’. Dentro de uma
atualidade em que a sociedade parece ter voltado à brutalidade
emocional, se cabe ao advogado ser guardião do homem enquanto ser
humano, cabe a OAB fazer com que esse advogado tenha suas prerrogativas
asseguradas e fortalecidas, não em seu benefício próprio, mas tendo como
destinatário final o cidadão”.
Deywsson acrescenta que, “no caso em questão, temos uma advogada que
teve prisão preventiva decretada por estar advogando. Como se lê na
decisão judicial, os fundamentos que servem de base à prisão são
prerrogativas que devem ser garantidas e não criminalizadas. Afinal,
temos na qualidade de ré uma advogada que não tem em seu desfavor uma
condenação. Assim, continua com os direitos imanentes a cidadania apenas
com algumas restrições. Contudo, tais restrições não podem ferir o
direito constitucional e moral dela continuar exercendo sua profissão,
ainda mais sendo uma profissão que tem como fundamento a administração
da Justiça. Até possível condenação, ela continua sendo advogada e terá
suas prerrogativas defendidas”.
Marido assassinado
Ana Paula Nelson era mulher do policial civil Iriano Serafim Feitosa,
assassinado no dia 3 de fevereiro do ano passado quando dirigia o carro
dele pela Av. Xavantes, no conjunto Cidade Satélite, na Zona Sul de
Natal. A advogada, que também estava no carro, levou dois tiros. Ela e o
marido foram socorridos ao hospital, mas ele morreu minutos depois de
dar entrada no Pronto-Socorro Clóvis Sarinho.
O acusado de matar o marido de Ana Paula também é policial civil.
Tibério Vinicius Mendes de França foi sentenciado pelo juiz Ricardo
Procópio Bandeira de Melo, titular da 3ª Vara Criminal da capital, a
sentar no banco dos réus. A data do júri popular ainda não foi definida.
G1
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