Maioria do Supremo Tribunal Federal confirma validade das delações da JBS e Fachin como relator
Sessão foi marcada por debates acalorados

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (7 dos 11) votou
nesta quinta-feira (22) a favor da preservação – no momento da
homologação (validação jurídica) pelo juiz responsável – dos benefícios
para delatores negociados pelo Ministério Público Federal (MPF).
Os sete ministros também se manifestaram pela manutenção do relator da
Operação Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, na condução das
investigações baseadas na delação premiada da JBS.
O julgamento foi suspenso após os sete votos e deverá ser retomado na
próxima quarta (28). Somente após a tomada dos 11 votos é que o
resultado poderá ser proclamado e a decisão efetivada.
Votaram pela manutenção de Edson Fachin na relatoria e pela preservação
dos benefícios negociados com os delatores (leia mais abaixo o que cada
um argumentou ao votar):
Edson Fachin
Alexandre de Moraes
Luís Roberto Barroso
Rosa Weber
Luiz Fux
Dias Toffoli
Ricardo Lewandowski
Na semana que vem, votam:
Gilmar Mendes
Marco Aurélio Mello
Celso de Mello
Cármen Lúcia
No julgamento, os ministros discutiram questão de ordem sobre o assunto
levantada pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no
STF. Na questão de ordem, Fachin indagou sobre a possibilidade de
revisão dos benefícios, de forma individual pelo relator, quando o
acordo chega ao Judiciário para validação.
No caso das delações dos executivos e donos da empresa JBS, que
revelaram esquema de distribuição de propinas a políticos, o principal
beneficio obtido pelos delatores no acordo de colaboração – homologado
(validado) por Fachin – impede o MPF de apresentar denúncia e pedir
abertura de ação penal contra os executivos.
Juristas e políticos têm criticado benefícios como esse, obtidos pelos
delatores da JBS – que nas delações implicaram o presidente Michel
Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e outros cinco senadores, além de
cinco ministros do governo, 15 deputados federais, quatro governadores,
entre outros.
A maioria do STF entendeu que uma revisão dos benefícios pode ocorrer,
mas somente ao final do processo, quando a Justiça condenar ou absolver,
e se os ministros considerarem que os delatores não cumpriram com o
combinado no acordo e se o que contaram não foi eficaz para
investigação.
O julgamento, iniciado nesta quarta (21) e com conclusão prevista para
esta quinta (22), foi motivado por pedido do governador do Mato Grosso
do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB). O governador pedia o sorteio da
relatoria das investigações da JBS para outros ministros – que não Edson
Fachin – por entender que situações apresentadas nas delações da JBS
não têm relação com a Petrobras (principal objeto de investigação da
Lava Jato).
Fica a cargo do colegiado, plenário ou turma, analisar, posteriormente,
a eficácia dos termos do acordo, ou seja, julgar se foram obtidos os
resultados prometidos pelo delator, podendo-se assim, no momento da
análise de mérito do caso, rever seus benefícios se as promessas não
forem cumpridas.
Votaram nesse sentido o relator, Edson Fachin, e os ministros Alexandre
de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Dias Toffoli.
Restam os votos de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio,
Celso de Mello e da presidente, Cármen Lúcia.
“A partir do momento em que o Estado homologue a colaboração premiada,
atestando a sua validade, ela só poderá ser descumprida se o colaborador
não honrar aquilo que se obrigou a fazer. Porque, do contrário, nós
desmoralizaríamos o instituto da colaboração premiada e daríamos
chancela para que o Estado pudesse se comportar de uma forma desleal,
beneficiando-se das informações e não cumprido sua parte do ajustado”,
disse Barroso.
O julgamento foi motivado por questionamentos sobre a legalidade dos
acordos da JBS feitos pela defesa do governador de Mato Grosso do Sul,
Reinaldo Azambuja, um dos citados nos depoimentos dos executivos da
empresa.
A defesa de Azambuja contestou a remessa do processo a Fachin, alegando
que os fatos narrados pelos delatores não têm relação com os crimes
investigados na Lava Jato, e também a extensão dos benefícios concedidos
aos delatores.
No acordo com os executivos da JBS, o Ministério Público Federal (MPF)
se comprometeu a não apresentar denúncia contra os delatores, em troca
de informações que efetivamente incriminem políticos envolvidos em casos
de corrupção.
"Duvido piamente que o Ministério Público tenha feito um bom negócio
penal", disse o ministro Marco Aurélio Mello, indicando que, ao votar,
se posicionará de maneira diversa da maioria.
G1
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