Menino de 10 anos é morto com disparo por técnico de futebol que depois se mata
Ele
chamava de “papai” o homem que o matou com um tiro. No último sábado
(22), terminaram de forma trágica as buscas por Felipe Romero, de 10
anos, que foi sequestrado por Fernando Sierra, técnico do time de
futebol no qual o menino jogava e com quem mantinha uma relação muito
próxima.
Tão
próxima que a psicóloga que tratava o menor, após notar comportamentos
estranhos no garoto, recomendou à mãe deste que ele não ficasse mais a
sós com Sierra, como confirmou a tia do menino, Maíra del Carmen Romero,
à BBC Mundo.
Sem
permissão da mãe, Sierra foi buscá-lo na escola na quinta-feira (20).
Foi a última vez que se teve notícia deles – até o sábado, quando os
dois foram encontrados sem vida a 150 km de Montevidéu, capital do país.
Sierra atirou contra o menino e depois se matou, segundo confirmou o chefe de polícia da cidade Maldonado, onde os dois viviam.
Unidos pelo futebol
Felipe
era filho de um conhecido ex-jogador de futebol, Luis Romero, que era
um “pai ausente”, segundo disse sua mãe, Alexandra Pérez, ao jornal El
País do Uruguai. “Não era tanto assim”, refuta sua tia à BBC Mundo.
Sierra
e Felipe se conheceram em 2015, por meio da equipe infantil do Club
Defensor de Maldonado. Sierra era o técnico da equipe em que o menino
jogava.
Apesar de Sierra ter ficado a cargo do grupo do qual Felipe fazia parte por pouco tempo, eles desenvolveram uma relação próxima.
“Ele
levava e trazia Felipe dos treinos, das partidas, andavam juntos para
todos os lados, ele o tratava como se fosse seu filho, e Felipe o
tratava como se fosse seu pai. Por mais de uma vez, Felipe o chamou de
papai”, diz Myriam Sosa, dirigente do Club Defensor Maldonado
responsável pela divisão infantil.
Até
sua morte, Sierra ainda trabalhava como técnico. Ele se apresentava
como um “amigo da família” conta Sosa, e, por isso, ninguém estranhava
tanta proximidade entre ele e o garoto.
“Fernando
sempre foi uma pessoa tranquila, muito correto, muito educado com os
pequenos, muito respeitoso. Ninguém podia pensar que algo assim
aconteceria”, diz Sosa.
Sierra
participava de reuniões na escola de Felipe, o levava e buscava depois
das aulas e até mesmo viajou de férias ao Brasil com o garoto, com a
permissão de seus pais.
A
tia do menino diz que o pai autorizara a viagem porque a ideia original
era que família toda fosse junta – ou seja, Felipe, sua mãe, sua irmã e
Sierra.
‘Eu me mato’
O
treinador se tornara a figura paterna de Felipe, até que, depois de
algumas viagens que fizeram juntos, a psicóloga do menino chamou a mãe
do garoto para conversar.
“Ela
notou sinais de que algo não estava bem com Felipe”, contou a mãe do
garoto ao El País. Foi recomendado que ela não deixasse mais o menino
sozinho com o treinador.
A
mãe de Felipe decidiu confrontar Sierra. Na quarta-feira (19), enquanto
seu filho treinava, ela puxou Sierra de lado para conversarem a sós.
“Veja
bem, Fernando, as psicólogas me alertaram que não pode voltar a ficar
sozinho com Felipe. Entenda como queira. Mas precisa aceitar o que estou
te pedindo. Por favor”, disse ela, como relatado ao El País.
“Se não posso mais ver o Felipe, eu me mato”, foi a resposta do treinador, segundo a mãe do menino.
Na quinta-feira, ele foi buscá-lo na escola. Ninguém estranhou, pois era comum.
O pior desfecho
O
caso mobilizou o Uruguai. Foram criadas campanhas em redes sociais, e
os amigos da família se ofereceram como voluntários para participar das
buscas por Felipe.
O
próprio Ministério do Interior se encarregou de dar a triste notícia.
“A busca pelos desaparecidos teve o pior desfecho”, comunicou em sua
conta no Twitter.
“Lamentavelmente, na manhã de hoje, uma equipe localizou em Villa Serrana os corpos sem vida.”
A
notícia deixou a todos na cidade de Maldonado sem chão. “Aqui, todo
mundo se conhece. Nunca poderíamos imaginar uma situação assim”, diz a
tia de Felipe, sem conseguir conter a emoção.
G1
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