Planilha da Empreiteira Odebrecht lista pagamentos a 179 políticos em 7 anos
Sérgio Cabral, Gilberto Kassab e Luiz Fernando Pezão são apontados como os maiores beneficiários do esquema

© Divulgação
Uma planilha anexada pelo executivo Benedicto da Silva Júnior,
ex-presidente da construtora Norberto Odebrecht, traz o nome de 179
políticos como destinatários de R$ 246 milhões em supostos pagamentos
via caixa 2 entre 2008 e 2014, ano em que tiveram início as
investigações da Operação Lava Jato.
A lista com 645 contribuições supostamente ilegais foi anexada ao
Inquérito nº 4.402, uma das investigações cuja abertura foi autorizada
pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal
Federal (STF), que também autorizou a divulgação das informações.
No ano passado, uma primeira versão da lista foi apreendida pela
Polícia Federal (PF) no apartamento de Benedicto Júnior, em Salvador,
durante a Operação Acarajé, 23ª fase da Lava Jato, mas o documento foi
mantido sob sigilo. Após assinar acordo de colaboração premiada com a
Justiça, Benedicto Júnior forneceu aos investigadores uma segunda versão
da planilha.
Benedicto Júnior foi um dos responsáveis por comandar o setor de
operações estruturadas, departamento da Odebrecht inteiramente dedicado
ao pagamento de propinas. O valor de R$ 246 milhões diz respeito ao que
foi canalizado via área de infraestrutura da Construtora Norberto
Odebrecht, descrita pelo próprio executivo como “porta de entrada de
diversos pedidos de contribuições eleitorais”.
Ao Ministério Público, o executivo afirmou que “foram feitos
pagamentos com caixa 2 a candidatos diversos, em diferentes campanhas,
conforme consta da planilha que integra o presente relato”.
Campões de repasses
Na lista de repasses de dinheiro não declarado, os que mais receberam
recursos foram o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que
teria recebido R$ 61,9 milhões. Em seguida, aparece o ministro da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, com R$
21,2 milhões. Em terceiro, está o sucessor de Cabral e atual governador
fluminense, Luiz Fernando Pezão, cujos repasses ilegais somaram R$ 20,3
milhões.
A planilha de Benedicto Júnior registra ainda as justificativas para
os repasses. Entre as razões mais presentes estão a de que o candidato
atuaria em prol do “desenvolvimento de projetos e infraestrutura de
interesse da empresa” ou que teria “disposição para apresentar
emendas/defender projetos de interesse da empresa”.
Constam na lista ainda 110 políticos que receberam recursos, mas sequer disputaram cargos eleitorais entre 2008 e 2014.
Citados
Até o momento, o governador Sérgio Cabral, que encontra-se preso no
âmbito da Operação Lava Jato, não quis comentar as novas revelações
sobre sua relação com a Odebrecht.
Por meio de nota, o ministro Gilberto Kassab "reafirma que os atos
praticados em suas campanhas foram realizados conforme a legislação".
Kassab disse que “confia na Justiça, ressalta que não teve acesso
oficialmente às informações e que é necessário ter cautela com
depoimentos de colaboradores, que não são provas.”
O governador Luiz Fernando Pezão afirmou, também por meio de nota,
que “todas as doações de campanha foram feitas de acordo com a Justiça
Eleitoral”. Notícias ao Minuto com informações da Agência Brasil.
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