Lista sigilosa do ministro Edson Fachin cita Lula, Palocci e Eduardo Cunha
A
parcela dos documentos relacionados à delação dos executivos da
Odebrecht que ainda está sob sigilo contém citações ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, ao ex-ministro Antonio Palocci e ao
ex-presidente da Câmara, deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
informou o jornal ‘O Estado de S. Paulo’, que teve acesso a decisões do
ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Feeral (STF).
Esses
casos ainda estão sob sigilo para preservar as investigações. Em
alguns, o ministro pediu mais informações ao Ministério Público Federal.
Em outros, o pedido de investigação feito pelo MPF foi enviado para
outras instâncias do Judiciário. Ainda não está decidido se as
investigações desses casos serão abertas ou não.
As
revelações mostram como o departamento de propina da Odebrecht se
estendeu a vários países. A empreiteira teria pago mais de R$ 200
milhões, ilegalmente, em obras no exterior. Os delatores mencionaram
pagamento de R$ 114,5 milhões em propina na obra do metrô de Caracas, na
Venezuela. No Equador, a construção da hidrelétrica Toachi-Pilatón
teve, segundo os delatores, propina de R$ 3,1 milhões.
Campanhas eleitorais no exterior
Segundo o jornal, há relatos de pagamento de vantagens indevidas em nove campanhas eleitorais, em um total de R$ 17,43 milhões.
Nas
delações, os executivos da Odebrecht falaram sobre doações de campanha
no exterior negociadas pelo ex-ministro Antonio Palocci (PT).
Ele
teria pedido R$ 9,3 milhões para o candidato à Presidência do Peru,
Ollanta Humala, e R$ 5,3 milhões para o marqueteiro João Santana, pela
campanha de Mauricio Funes à presidência de El Salvador.
Os
delatores relatam ainda o pagamento indevido de R$ 15,5 milhões para
Emilio Lozoya, ex-presidente da Pemex, a estatal de petróleo do México, e
de R$ 62 milhões para um ministro angolano não identificado.
No
caso de Angola, outra petição diz respeito à suposta atuação de Lula
para favorecer a empresa do sobrinho dele Taiguara Rodrigues dos Santos.
Segundo delatores, a empresa Exergia teria sido contratada pela Odebrecht, apesar de não ter experiência no ramo.
O contrato previa a prestação de serviços entre 2011 e 2014, quando Lula já havia deixado a presidência.
As
informações e documentos referentes a essa delação serão encaminhados à
Justiça Federal do Paraná, a pedido da Procuradoria Geral da República,
porque fatos semelhantes já eram apurados anteriormente.
Delatores
também contam que Lula e o hoje governador de Minas, Fernando Pimentel
(PT), atuaram para viabilizar as obras da Odebrecht no Porto de Mariel,
em Cuba.
O ex-presidente Lula nega as acusações. A assessoria do petista diz que ele vem sendo acusado sem provas.
PMDB
Seis
delatores fizeram referência à obra da usina hidrelétrica de Belo
Monte. Esses documentos serão incluídos em inquéritos já existentes no
Supremo Tribunal Federal envolvendo integrantes da cúpula do PMDB.
Campanhas eleitorais feitas no Brasil também estão relacionadas nas delações ainda sob sigilo.
Em
uma, teriam sido pagos R$ 2 milhões para o ex-minitro Henrique Eduardo
Alves (PMDB) na campanha para o governo do Rio Grande do Norte em 2014.
Segundo os delatores, o próprio ex-candidato e o ex-deputado Eduardo
Cunha teriam pedido o dinheiro à empreiteira.
A defesa de Eduardo Cunha afirma que os delatores apontam atos ilícitos sem qualquer prova do ocorrido, “em uma busca inexplicável” de envolvê-lo nos crimes da Lava Jato.
A defesa de Eduardo Cunha afirma que os delatores apontam atos ilícitos sem qualquer prova do ocorrido, “em uma busca inexplicável” de envolvê-lo nos crimes da Lava Jato.
G1
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