Eduardo Cunha contratou empresa para sabotar a Lava-Jato, diz Odebrecht
Segundo empreiteiro, uma reunião sigilosa, em 2015, na casa do então presidente da Câmara, definiu a contratação da Kroll para sabotar Lava-Jato
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Eduardo Cunha concede entrevistas aos jornalistas setoristas da Câmara (Divulgação/Divulgação) |
O empreiteiro Marcelo Odebrecht revela em seu acordo de delação premiada a atuação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
na organização de um plano para tentar sepultar as investigações da
Operação Lava-Jato. A estratégia foi elaborada em uma reunião ocorrida
poucos dias depois da eleição de Cunha para o comando da Casa. A
história é narrada pelo empreiteiro no termo de colaboração 49 do
empreiteiro e corroborada por outro diretor da empresa.
Segundo Marcelo, o presidente da Câmara realizou no dia 11
de fevereiro de 2015 um encontro sigiloso em sua residência com o
objetivo de apresentar a proposta de contratação da empresa de
espionagem Kroll. A ideia era usar a experiência da empresa para
localizar “inconsistências” nas delações premiadas do ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, o que
poderia anular as investigações da Lava-Jato comandadas
pela Procuradoria Geral da República. “Eduardo Cunha defendia a tese de
que deveriam ser encontradas inconsistências nas colaborações premiadas
de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, o que permitiria, na sua
ótica, a anulação das investigações”, destaca o ministro Edson Fachin,
na decisão em que defere o pedido do Ministério Público para retirada do
sigilo da investigação e o envio das declarações à Procuradoria da
República no Paraná.
Na ocasião da reunião, o então presidente da Câmara vivia a
expectativa de ser levado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelas mãos
do procurador-geral Rodrigo Janot. A primeira “lista do Janot” seria
apresentada semanas depois da reunião. Por força de Eduardo Cunha,
o plano para melar a Lava-Jato foi colocado em prática. A Kroll foi
contratada por decisão do presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo
Motta (PMDB-PB), e do subrelator André Moura (PSC-SE). Oficialmente, o
argumento usado foi o de que a empresa ajudaria a CPI a investigar os
envolvidos no escândalo do petrolão. A Kroll foi usada para vasculhar
contas bancárias e patrimônio no exterior de 12 delatores da Operação Lava-Jato. A tentativa de sabotar as investigações, no entanto, fracassou.
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