“Ser citado em delação premiada da Odebrecht é desagradável”, diz Temer
O presidente Michel Temer disse que “é constrangedor”
ter sido citado no depoimento de Márcio Faria da Silva, ex-presidente
da Odebrecht Industrial. O executivo, que assinou acordo de delação
premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito da
Operação Lava Jato, disse ter tratado em uma reunião com Temer em 2010
sobre uma doação de R$ 40 milhões para a campanha eleitoral do PMDB.
Por meio de nota e de um vídeo publicado na quinta-feira (13) nas
redes sociais do governo, Temer disse que se reuniu com o executivo, mas
negou ter tratado sobre valores com ele. “É uma coisa desagradável para
quem está na vida pública há tanto tempo”, disse o presidente em
entrevista à TV Band, exibida nesta noite.
“É muito desagradável ouvir aquele depoimento. É constrangedor”,
completou, na primeira entrevista após o ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Edson Fachin, relator da Lava Jato, ter autorizado a
abertura de inquéritos para investigar o suposto envolvimento de
políticos no esquema de pagamento de propina apurado pela operação.
Temer confirmou também que o encontro, realizado em São Paulo, foi
organizado pelo então deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está
preso há seis meses em Curitiba em decorrência da Lava Jato.
O presidente disse, no entanto, que tinha uma “relação institucional,
não uma relação pessoal” com Cunha. À época, Temer era presidente do
PMDB, enquanto Cunha era líder do partido na Câmara.
Ministros
Questionado sobre a possibilidade de afastar algum dos oito ministros
de seu governo que passaram a ser alvo de inquérito no STF, após terem
sido citados por delatores da empreiteira Odebrecht como envolvidos em
esquemas ilícitos, Temer respondeu que “pode acontecer que o próprio
ministro se sinta desconfortável e queira sair”.
O presidente voltou a afirmar que somente afastará ministros por
iniciativa própria se a PGR apresentar denúncia contra algum integrante
de seu gabinete. “Temporariamente, se houver a denúncia.
Definitivamente, se a denúncia for aceita. É uma linha de corte
compatível com nosso sistema jurídico”, afirmou.
Ao ser perguntado por que seria tão difícil afastar ministros neste
momento, Temer respondeu que o principal apoio a seu governo vem do
Congresso Nacional. “Temos que compreender essa indignação [da
população] e construir gestos e formas para superar essa indignação”,
disse.
Impeachment
A respeito do impeachment da então presidenta Dilma
Rousseff, Temer disse que se o PT tivesse votado contra o processo de
cassação do mandato de Cunha no Conselho de Ética da Câmara, “é muito
provável que a presidente ficasse [no poder]”.
Reformas
Na entrevista, Temer reconheceu ter enviado um “projeto pesado” sobre
a reforma da Previdência ao Congresso, mas acrescentou que a
flexibilização de pontos do texto faz parte do processo democrático. O
presidente afirmou que, após as reformas da Previdência e trabalhista,
sua prioridade será a reforma política, que ele considera “inadiável”.
Agência Brasil
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