Laptop de propinas da empreiteira Odebrecht foi jogado no mar de Miami
Decisão foi revelada pelo ex-dirigente em delação premiada prestada no âmbito da Operação Lava Jato

© Estadao Conteudo
Procurado por integrantes do setor de tecnologia da Odebrecht
para entregar o computador pessoal, o diretor do setor de Operações
Estruturadas, responsável pela distribuição de propinas, Hilberto
Mascarenhas tomou a decisão de se desfazer do aparelho jogando-o ao mar,
em Miami.
A decisão foi revelada pelo ex-dirigente em delação premiada prestada
no âmbito da Operação Lava Jato. No depoimento, os investigadores
questionaram Mascarenhas sobre a destruição de provas e mudanças do
setor para a República Dominicana.
Ao falar sobre a entrega do laptop a um dos funcionários da área de
tecnologia da empresa, Mascarenhas disse que não iria fazer o
procedimento, uma vez que, no aparelho, além dos dados do setor, havia
informações pessoais.
"Tentei tirar. Comprei um Hard Disc para poder gravar as coisas
pessoais, mas não consegui porque na hora que disse que não ia entregar o
computador, ele bloqueou as minhas senhas. Então, eu não conseguia
ligar o computador. Desfiz do meu computador nessa viagem (a Miami) sem
tirar minhas coisas pessoais e nem a da empresa", ressaltou o
ex-dirigente.
Onde se desfez do aparelho? "Joguei no mar", ressaltou.
Segundo ele, junto com computador, foi jogado o Pen drive com o
programa "Iron key", dispositivo que daria acesso ao banco de dados do
setor de propina. Ao falar sobre o conteúdo que continha no computador
pessoal e no celular da empresa, o ex-diretor disse que não havia o
costume de guardar muitas informações e alfinetou o ex-chefe Marcelo
Odebrecht, ex-presidente da construtora.
"O Marcelo vivia enchendo o saco da gente para não ter guardado nada
no nosso (aparelho) e, quando ele foi preso, num dele tinha tudo",
ironizou.
Mascarenhas também informou que a mudança do setor de propinas, em
2014, da cidade de Salvador (BA) para a República Dominicana foi uma
decisão de Marcelo Odebrecht. A decisão ocorreu após os avanços das
investigações da Lava Jato. Na mudança, também foram transferidos os
funcionários Luiz Eduardo Soares e Fernando Migliaccio, que passaram a
trabalhar de segunda a sexta-feira na República Dominicana e nos finais
de semana se encontravam com familiares em Miami.
"Ele insistiu muito e pressionou muito para o pessoal ir rápido. Ele
foi muito forte na pressão dele. Os meninos foram, mas foram no corre e
corre", relata Mascarenhas.
Em meio à "correria" para se fazer a mudança de endereço, Marcelo
Odebrecht enviou e-mail para Mascarenhas para saber se os dois
funcionários que haviam partido para o exterior estavam "tranquilos" e
"disciplinados".
"Tinha muita preocupação de Marcelo em não desagradar a equipe. Eles
estavam trabalhando na confiança, pelo o que passava de dinheiro na mão
desse povo, se quisessem pegar 2 a 3 milhões e sumir no mundo, nunca
mais ninguém achava", ressaltou Mascarenhas.
Notícias ao Minuto
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