Câmara dos Deputados aprova texto principal que permite terceirização irrestrita
Publicado por:
Ivyna Souto
![]() |
| DUSA2939.JPG BRASÍLIA DF BSB 22/03/2017 ECONOMIA – PROTESTO CONTRA A VOTAÇÃO DA TERCEIRIZAÇÃO Deputados da oposição protestam com bonecos de patos inflaveis contra a votação da Terceirização no no plenario da Camara em Brasilia - FOTO ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO |
A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira, 22,
projeto de lei de 19 anos atrás que permite terceirização irrestrita em
empresas privadas e no serviço público. A proposta também amplia a
permissão para contratação de trabalhadores temporários, dos atuais três
meses para até nove meses – seis meses, renováveis por mais três.
O texto principal do projeto foi aprovado por 231 votos a 188 –
quórum menor do que os 308 votos mínimos necessários para aprovar uma
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) como a da reforma da
previdência. Houve ainda oito abstenções. Neste momento, deputados
começaram a votar os destaques ao projeto.
Na votação, a Câmara não pode incluir inovações no texto. Isso porque
a proposta, de 1998, já tinha passado uma vez pela Casa, em 2000, e
pelo Senado em 2002. Com isso, deputados só puderam escolher se
mantinham integral ou parcialmente o texto aprovado pelo Senado ou se
retomavam, integral ou parcialmente, a redação da Câmara.
O texto final aprovado, que seguirá para sanção do presidente Michel
Temer, autoriza terceirização em todas as atividades, inclusive na
atividade-fim. Atualmente, jurisprudência do Tribunal Superior do
Trabalho (TSE) proíbe terceirizar atividade-fim da empresa. Por exemplo,
um banco não pode terceirizar os atendentes do caixa.
No caso do serviço público, a exceção da terceirização será para
atividades que são exercidas por carreiras de Estado, como juízes,
promotores, procuradores, auditores, fiscais e policiais. Outras
funções, mesmo que ligadas a atividade-fim, poderão ser terceirizadas em
órgãos ou empresas públicas.
O projeto final também regulamentou a responsabilidade “subsidiária”
da empresa contratante por débitos trabalhistas e previdenciários dos
trabalhadores terceirizados, como acontece hoje. Ou seja, a contratante
só será acionada a arcar com essas despesas se a cobrança dos débitos da
empresa terceirizada contratada fracassar.
O texto que seguiu para sanção prevê ainda um escalonamento do
capital social mínimo exigido de uma empresa de terceirização, de acordo
com o número de funcionários. O capital social mínimo exigido vai de R$
10 mil, para companhias com até 10 funcionários, a R$ 250 mil, para
empresas com mais de 100 trabalhadores.
Hoje, não há essa exigência na iniciativa privada. Já no serviço
público, a empresa contratante é que determina na hora da contratação
qual deve ser o capital social mínimo da companhia de terceirizados.
Inicialmente inserida na proposta, a anistia de “débitos, penalidades e
multas” impostas até agora às empresas foi retirada do texto pelo
relator para facilitar a aprovação do projeto. O governo era contra a
medida. Segundo o relator do projeto na Câmara, Laércio Oliveira
(SD-SE), essas dívidas hoje somam R$ 12 bilhões.
A oposição criticou a votação do projeto, sob o argumento de que
representa um retrocesso e prejudica os trabalhadores. Opositores
tentaram negociar, sem sucesso, o adiamento da votação. Eles queriam
que, em vez da proposta de 1998, fosse votado um projeto de 2015 que
regulamenta a terceirização, já foi votado na Câmara e está parado no
Senado.
Na avaliação de deputados da oposição e das centrais sindicais, a
proposta mais recente oferece mais salvaguardas aos trabalhadores. O
projeto de 2015 traz garantias, como a proibição de a empresa contratar
como terceirizado um funcionário que trabalhou nela como CLT nos últimos
12 meses.
Para opositores, a aprovação do projeto anula a reforma trabalhista
que está em discussão na Câmara. “Se a terceirização for votada hoje,
ela anula esta comissão. Se for votada, a reforma trabalhista vai perder
muito o sentido”, disse o deputado Paulão (PT-AL).
O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), por sua vez,
saiu em defesa da proposta. Segundo ele, o projeto vai permitir a
geração de empregos. “O Brasil mudou, mas ainda temos uma legislação
arcaica. Queremos avançar em uma relação que não tira emprego de
ninguém, que não vai enfraquecer sindicatos”, disse.
Fonte: Estadão

Nenhum comentário:
Postar um comentário