Advogado do ex presidente Lula que discutiu com o juiz Sérgio Moro deixa o caso
Publicado por:
Anderson Costa Costa
O advogado criminalista Juarez Cirino
dos Santos informou na sexta-feira, 17, ao juiz Sérgio Moro que
renunciou à defesa do ex-presidente Lula nas ações a que o petista
responde na Lava Jato. Nas audiências da Lava Jato, Cirino protagonizou
um dos embates mais tensos entre defensores de Lula e Moro, em 12 de
dezembro de 2016, quando o juiz da Lava Jato ordenou a Cirino: ‘o sr.
respeite o juízo!’
No documento assinado por ele e outros
dois advogados de seu escritório, que também deixam a defesa do
ex-presidente, Cirino não revela o motivo de sua saída. Ele e seus
colegas de banca não poupam elogios ao ex-presidente a quem chamam de
‘ilustre e digno constituinte, por quem os signatários manifestam a
maior admiração por sua atuação como sindicalista, criador e dirigente
do Partido dos Trabalhadores e Presidente da República”, diz o documento
encaminhado à Justiça Federal no Paraná.
Nas audiências da Lava Jato, Cirino
fazia parte da equipe de defensores de Lula, que inclui ainda os
advogados Cristiano Zanin Martins e José Roberto Batochio, de
escritórios diferentes, e fazia várias interrupções durante os
depoimentos das testemunhas de acusação contra o petista.
Foi em uma dessas ocasiões que Cirino
protagonizou um dos mais duros embates com o juiz da Lava Jato,
registrado em vídeo. No dia 12 de dezembro de 2016, durante o depoimento
de Mariuza Aparecida Marques, funcionária da empreiteira OAS
encarregada pela supervisão do triplex do Guarujá, Cirino havia chamado
Moro de “acusador principal”.
O procurador da República presente à
audiência insistiu na pergunta a Mariuza sobre uma visita da mulher do
ex-presidente, Marisa – morta em fevereiro deste ano – ao imóvel do
Condomínio Solaris, no litoral paulista. “Essa visita, a dona Maria
Letícia estava sendo tratada pelo grupo OAS como uma possível compradora
do imóvel ou a quem o imóvel já tinha sido destinado?”
Uma advogada interrompeu. Em seguida, o
procurador repetiu a indagação à testemunha. Então, o advogado entrou em
cena. “Fica o protesto aqui de novo, excelência.” “Dr. o senhor está
sendo inconveniente”, disse Moro.
“A defesa não é inconveniente enquanto
estamos no exercício da ampla defesa”, insistiu o advogado. “Já foi
indeferida a sua questão”, advertiu o juiz.
“Vossa Excelência não pode cassar a
palavra da defesa, estamos colocando uma questão muito importante,
relevante. O ilustre procurador da República está pedindo a opinião da
testemunha.”
Moro disse que ‘pode cassar’ a palavra
da defesa ‘quando inconveniente’ e reiterou que estava ‘indeferida’ a
questão. Ele ordenou. “Já está registrado e o sr. respeite o juízo!”
“Eu não respeito o juízo enquanto Vossa
Excelência não me respeite como defensor do acusado”, devolveu o
advogado. “Se Vossa Excelência atua aqui como acusador principal perde
todo o respeito.” “A sua questão já foi indeferida, o sr. não tem a
palavra”, decretou o juiz.
Moro pediu à testemunha que respondesse à indagação do procurador.
“É…(Marisa Letícia) tratada como se o imóvel já tivesse sido destinado (à mulher de Lula).”
A reportagem tentou insistentemente
contato com o escritório de Juarez Cirino, mas ele não estava lá. A
reportagem deixou os contatos e o espaço está aberto para a manifestação
do advogado.
Fonte: Estadão
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