Cientistas avaliam que o risco de uma guerra nuclear é crescente
Entre as iniciativas e propostas foram destacados a retirada das armas nucleares dos territórios dos países que não as produzem
A possibilidade de um conflito nuclear é mais elevada hoje do que em
meados dos anos oitenta, quando os dirigentes da União Soviética e dos
EUA se encontraram em Reykjavik para iniciar o processo de redução dos
potenciais nucleares.
Esta é uma das conclusões da reunião de líderes da organização Médicos
Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear (IPPNW em inglês) e do
movimento Pugwash (Cientistas para a Segurança Internacional). O evento
decorreu em Moscou, na Academia de Ciências da Rússia.
Estas organizações não-governamentais receberam o Prémio Nobel da Paz
pela sua contribuição para apaziguar as tensões internacionais e
estabelecer contatos diretos entre os dirigentes de Estados
beligerantes, no início das negociações oficiais, quando era necessário
parar um conflito armado ou impedir que este se transformasse em uma
guerra de envergadura.
O atual presidente do comité russo da Associação Pugwash, Aleksander
Dunkin, e Sergei Kolesnikov, que representa a IPPNW, receberam seus
colegas europeus. Após um longo período sem encontros neste formato, foi
decidido reatar os contatos em Moscou.
Os especialistas que participaram do encontro tentaram analisar as
iniciativas que seriam aceitáveis para políticos e diplomatas e poderiam
contribuir para a redução dos potenciais nucleares mundiais.
Os participantes elaboraram uma mensagem para o primeiro-ministro russo
Dmitry Medvedev, que foi oficialmente enviada para o seu gabinete.
"O aumento da tensão entre a OTAN e a Rússia, na Europa e no Oriente
Médio, é comparável ao aumento de tensões na Ásia do Sul entre a Índia e
Paquistão e à situação perigosa na península coreana e no mar da China
Meridional. Pesquisas recentes mostraram que a utilização de 0,5% dos
arsenais nucleares existentes provoca alterações climáticas em todo o
planeta, um declínio de dez anos na produção alimentar e a fome, que já
matou mais de 2 bilhões de pessoas. Em resposta a essa ameaça, mais de
120 países que não têm armas nucleares se comprometeram a entabular
negociações sobre o Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares.
Escrevemos-lhe para exortar a Rússia a se juntar a estas negociações e
encabeçar o processo", diz o texto do documento enviado ao
primeiro-ministro-russo.
Entre as iniciativas e propostas foram destacados a retirada das armas
nucleares dos territórios dos países que não as produzem, a recusa de
fornecer materiais nucleares e tecnologias de dupla utilização para os
chamados países no "limiar nuclear", bem como a remoção de materiais
nucleares em excesso dos programas militares nacionais.
Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário