A cada ano, 15 milhões de meninas em todo o mundo se casam antes dos 18 anos
A pesquisadora do Banco Mundial Paula Tavares, durante lançamento do relatório Fechando a Brecha: Melhorando as Leis de Proteção à Mulher contra a Violência - Marcelo Camargo/Agência Brasil |
A cada ano, 15 milhões de meninas em todo o
mundo se casam antes de completar 18 anos. No Brasil, 36% da população
feminina se encontram nessa situação. Os dados fazem parte do relatório Fechando a Brecha: Melhorando as Leis de Proteção à Mulher contra a Violência, divulgado hoje (9) pelo Banco Mundial.
O documento mostra que existem atualmente mais de 700 milhões de
mulheres no mundo que se casaram antes de completar 18 anos. Até o fim
da próxima década, a previsão é que 142 milhões de meninas tenham se
casado. Além da maior exposição à violência doméstica, os dados revelam
que essa população também está sujeita a menores índices de
escolaridade, maior incidência de gravidez na adolescência, maiores
taxas de mortalidade materno-infantil e menor renda.
No Brasil, os números, de acordo com o Banco Mundial, também são
alarmantes. Apesar de a lei estipular 18 anos como idade legal para a
união matrimonial e permitir a anulação do casamento infantil, o país
tem o maior número de casos de casamento infantil da América Latina e o
quarto no mundo. Para a autora do estudo, Paula Tavares, isso ocorre, em
parte, porque a lei brasileira permite o casamento a partir dos 16
anos, desde que haja o consentimento parental.
Outro problema, segundo Paula, é que o país também não prevê punição
para quem permite que uma menina se case em contravenção à lei, ou para
os maridos envolvidos nesses casos. “O casamento, no Brasil, muitas
vezes é visto como uma solução para a pobreza ou como uma forma de
garantia de segurança econômica”, explicou. Atualmente, apenas sete
países contam com algum tipo de medida punitiva na América do Sul:
Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.
Paula lembrou, entretanto, que, mesmo sem uma política eficaz de
proteção à mulher, a América Latina é a região com o maior número de
países com legislações avançadas na questão do estupro marital. Nações
como o Brasil – que promulgou a Lei Maria da Penha em 2010 –, a
Argentina, a Bolívia e o Equador revisaram seus códigos penais para
considerar a violência sexual como uma violação.
Agência Brasil
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