Gilmar Mendes acusa Procuradoria-Geral da República de vazar nomes de citados em delação da Odebrecht
Para o ministro, a publicação de informações da Lava Jato que estão sob sigilo é uma forma de "desmoralização da autoridade pública" e alimenta escândalos
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"Quem quiser cavalgar escândalo porque está investido de poder de investigação, está abusando de seu poder", disse o ministro - (Foto: Reprodução) |
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar
Mendes acusou hoje (21) a procuradoria-Geral da República (PGR) de vazar
para a imprensa nomes de pessoas citadas nos depoimentos de delação
premiada de ex-executivos da empreiteira Odebrecht no âmbito da Operação
Lava Jato. Na semana passada, com base nas delações, a procuradoria fez
83 pedidos de abertura de investigações ao STF, mas os nomes dos
envolvidos não foram divulgados oficialmente porque foram enviados sob
segredo de Justiça.
A crítica de Mendes foi feita na abertura da sessão da Segunda Turma,
colegiado responsável pelo julgamento dos processos da Operação Lava
Jato.
Mendes citou artigo publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, no
último domingo (19). De acordo com o jornal, a procuradoria enviou os
pedidos em segredo ao Supremo, mas divulgou extraoficialmente os nomes
dos investigados para alguns veículos de comunicação.
Para o ministro, a publicação de informações da Lava Jato que estão
sob sigilo é uma forma de "desmoralização da autoridade pública" e
alimenta uma "caça de escândalos para espetaculização".
"Tenho que a Procuradoria-Geral da República tem que prestar a este
Tribunal as explicações sobre esses fatos. Não haverá justiça com
procedimentos à margem da lei. As investigações devem ter por objetivo
produzir provas e não entreter a opinião pública ou demonstrar
autoridade. Quem quiser cavalgar escândalo porque está investido de
poder de investigação, está abusando de seu poder", disse o ministro.
Após a crítica de Gilmar Mendes, a subprocuradora da República, Ela
Wiecko, pediu a palavra e disse que o "momento que estamos vivendo está
colocando à vista" defeitos em todas as instituições, inclusive do
próprio Supremo.
"O que me chama muita a atenção é o poder da mídia. A mídia
estabelece o momento, eles fazem investigação, eles têm acesso, não sei
como, há muitas informações. Eles estabelecem um momento em que colocam
essa notícias a público. Essa sua insatisfação deve ser compartilhada
com todas as instituições, inclusive a mídia", rebateu a procuradora.
ClickPB com Agência Brasil
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