Folha de São Paulo destaca homossexualidade do ministro paraibano Herman Benjamim: “Quer fazer história no TSE”
Publicado por:
Ivyna Souto
A
edição deste domingo da Folha de S. Paulo traz uma matéria chamativa
sobre o ministro paraibano Herman Benjamin. Logo na manchete, estampa
que o relator da ação que pode cassar, por abuso de poder político e
econômico, a chapa presidencial composta por Dilma Rousseff e Michel
Temer nas eleições de 2014, é homossexual assumido e que fará um voto
histórico. Chamado de rígido, Benjamin fala espanhol, inglês, francês e
alemão e estaria de olho em uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
Confira a íntegra da matéria da Folha sobre Herman Benjamin:
Rigoroso e homossexual assumido, Herman Benjamin quer fazer história no TSE
Não era sua especialidade, mas o ministro do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) Herman Benjamin decidiu fazer desta a ação de sua vida.
E não era para menos. Aos 59 anos, o paraibano Antonio Herman de
Vasconcellos e Benjamin é o relator do maior processo da história do
tribunal, que pode cassar, por abuso de poder político e econômico, a
chapa presidencial composta por Dilma Rousseff e Michel Temer nas
eleições de 2014.
Precisou deixar de lado causas de direito ambiental e do consumidor,
áreas nas quais é referência, para se debruçar com rotina quase
acadêmica – com inúmeras horas de estudo e levantamento de detalhes – ao
financiamento eleitoral.
Seu voto será histórico, e ele sabe disso. A amigos confidenciou
recentemente que apresentará seu parecer em abril, antes do fim do
mandato dos ministros Henrique Neves e Luciana Lóssio.
Os dois deixarão o TSE neste ano e especulações de que Temer os
substituirá por magistrados alinhados ao governo incomodou Benjamin.
Quem o conhece aposta que ele vai votar pela cassação sem a separação
das contas da campanha – oposto do que deseja a defesa do presidente
peemedebista.
Benjamin é vaidoso, dizem os mais próximos, e sabe que tem
oportunidade de fazer história a poucos meses de deixar a corte, em
outubro deste ano.
Hábitos
Os mais cautelosos, porém, ponderam que o juiz não nasceu para ser
herói e que os holofotes logo mudarão de rumo. Mas Benjamin quer
aproveitar a oportunidade para se credenciar a uma vaga no STF (Supremo
Tribunal Federal).
Costuma dizer que faz o que ninguém faria: se ministros delegam a
tomada de depoimento a juízes instrutores, ele ouviu pessoalmente todas
as testemunhas da ação, inclusive aquelas fora de Brasília, onde vive
desde 2006.
O ministro tenta manter hábitos interioranos. Costuma almoçar em casa. Não come carne vermelha e frango, e consome orgânicos.
De 1982 a 2006, integrou o Ministério Público de São Paulo. Dali, foi
a Brasília por indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para o STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Entre os colegas, ganhou fama de ser rígido. Defende suas posições
com vigor em plenário. Há quem diga que prefere evitar embates públicos
com Benjamin.
Não que seja deselegante. Mas as paixões afloram na oratória e, mesmo
que esteja contra a maioria, se sobressai com fortes argumentos.
Benjamin fala espanhol, inglês, francês e alemão.
Rigor
Na Segunda Turma do STJ, da qual faz parte, é apontado como
pró-Estado em questões do direito público, como as que envolvem
indenizações da União, impostos e improbidade.
Também como pouco suscetível a pressões, reservado e preocupado em evitar vazamentos dos casos em que atua como relator.
A Operação Acrônimo, seu maior processo no STJ, tem essa marca.
Várias vezes o ministro proibiu que os advogados de quem era alvo de
mandados acessassem os autos.
Mesmo assim, advogados consideram Benjamin equilibrado nas decisões
em medidas cautelares: negou pedido de busca e apreensão no Palácio da
Liberdade, sede do governo de Minas. Um dos alvos era o governador
Fernando Pimentel (PT).
Em outubro de 2015, um ano após a eleição presidencial, Benjamin
chegou ao TSE, seguindo uma fila regimental de ministros do STJ que
compõem o tribunal.
Na Justiça Eleitoral, dizem colegas, ele age “no limite da ficha
limpa” e vota pela cassação de mandatos em casos que, para outros,
seriam improcedentes.
Fez assim a fama de “rigoroso”, característica que acredita contribuir com a pretensão ao Supremo.
Inimizades
Esse desejo criou uma importante inimizade dentro no STJ. É sabido que ele e o ministro Mauro Campbell não se dão muito bem.
Muitos advogados reclamam da dificuldade de marcar uma audiência com o
magistrado e contam que, muitas vezes, viajam de outros Estados a
Brasília para uma reunião pré agendada que ele desmarca em cima da hora.
É admirado, por outro lado, por se assumir homossexual, tratando de forma aberta o tema no ambiente conservador do Judiciário.
Benjamin disse à Folha que isso não atrapalha seu trabalho nos
tribunais superiores: “Não tenho como fazer juízo de valor sobre a
percepção que terceiros têm da vida das pessoas e colegas”.
O magistrado elogia o ambiente de trabalho “extraordinário” do STJ.
Diz que é um “Tribunal da Cidadania”, preocupado em zelar “fora e
internamente, pelo respeito à dignidade da pessoa humana, sem
discriminação de gênero, orientação sexual, raça, religião ou origem
geográfica”
Fonte: Parlamento PB com Folha de S. Paulo
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