Após disparos norte-coreanos, Estados Unidos instalam escudo antimísseis
Os
Estados Unidos anunciaram a instalação de um sistema de defesa contra
mísseis na Coreia do Sul, após a série de testes com mísseis balísticos
realizada pela Coreia do Norte, enquanto o presidente Donald Trump
reafirmava seu apoio aos aliados na região.
A
instalação do Terminal High Altitude Area Defense (THAAD) contribuirá
“para um sistema de defesa antimísseis e aumentará a defesa da aliança
entre EUA e Coreia do Sul contra as ameaças de mísseis da Coreia do
Norte”, assinalou o Comando do Pacífico em um comunicado.
“Os
testes de aceleração do programa norte-coreano de armas nucleares e de
lançamento de mísseis balísticos constituem uma ameaça à paz e a
segurança internacionais e violam várias resoluções do Conselho de
Segurança das Nações Unidas”.
Coreia
do Sul e EUA concordaram no ano passado em instalar o sistema THAAD,
que a China já denunciou – em diversas ocasiões – como uma ameaça a sua
segurança.
A
declaração do Comando do Pacífico, que supervisiona as operações
militares dos EUA na Ásia e no Pacífico, assinala que o sistema cumpre
“uma função estritamente defensiva e não representa qualquer ameaça a
outros países da região”.
O sistema está desenhado para interceptar e destruir mísseis balísticos de curto e médio alcance durante sua fase final de voo.
Em
conversa por telefone com os líderes de Coreia do Sul e Japão nesta
segunda (6), Trump enfatizou o “compromisso inviolável dos EUA” de
estarem ao lado dos dois países diante das “sérias ameaças representadas
pela Coreia do Norte”.
Trump
conversou separadamente com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e
com o presidente interino sul-coreano, Hwang Kyo-Ahn, após o lançamento
dos mísseis norte-coreanos.
“Ele
(Trump) enfatizou que seu governo está dando os passos para melhorar
ainda mais nossa capacidade para dissuadir e nos defender dos mísseis
balísticos da Coreia do Norte, usando toda a gama de meios militares dos
EUA”, acrescentou um comunicado da Casa Branca.
Segundo
um funcionário americano, cinco mísseis balísticos foram disparados na
segunda-feira pela Coreia do Norte. Um caiu na Península da Coreia e os
outros quatro, no Mar do Japão.
Fontes
americanas e sul-coreanas informaram que não foram mísseis balísticos
intercontinentais (ICBM), com os quais Pyongyang sonha em se dotar para
atingir os EUA.
Segundo as mesmas fontes, foram disparados mísseis balísticos de menor alcance, inspirados nos Scud da era soviética.
Reunião do Conselho de Segurança
O
incidente levou Washington e Tóquio a solicitarem reunião de emergência
do Conselho de Segurança da ONU, que ocorrerá na próxima quarta8),
segundo a delegação americana.
O
secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, condenou os disparos de
mísseis balísticos afirmando que “ações como estas violam as resoluções
do Conselho de Segurança e minam gravemente a paz e a estabilidade
regional”, de acordo com seu porta-voz Farhan Haq.
Segundo
Haq, os disparos constituem uma “contínua violação das resoluções do
Conselho de Segurança por parte da República Popular Democrática da
Coreia”.
As
resoluções da ONU proíbem a Coreia do Norte de utilizar qualquer tipo
de míssil balístico. No entanto, seis pacotes sucessivos de sanções
impostos a partir de um primeiro teste nuclear norte-coreano, em 2006,
não conseguiram dissuadir Pyongyang de avançar com seu programa.
Segundo
Abe, foram disparados quatro mísseis, que depois de percorrer por volta
de 1.000 km no sentido leste, três caíram na “Zona Econômica Exclusiva”
japonesa, ou seja, a menos de 200 milhas marinhas (370 km) da costa.
“Isso
demonstra claramente que a Coreia do Norte atingiu um novo nível de
ameaça”, advertiu Abe. “Os disparos reiterados de Pyongyang são um ato
de provocação para nossa segurança e uma violação flagrante das
resoluções do Conselho de Segurança da ONU. De modo algum podemos
tolerar”.
O
presidente Hwang Kyo-Ahn afirmou após uma reunião do Conselho de
Segurança Nacional que “levando em consideração a brutalidade e
imprudência demonstradas com o assassinato de Kim Jong-nam (meio-irmão
do ditador norte-coreano) o que pode acontecer se o Norte conseguir a
arma nuclear é algo que supera o imaginável”.
Kim
Jong-un tenta desenvolver um míssil balístico intercontinental com
capacidade de atingir o território dos EUA, algo que, segundo Trump,
“não vai acontecer”.
Washington
também já advertiu – em várias oportunidades – que não tolerará que a
Coreia do Norte produza armamento nuclear. O governo dos EUAs pressiona a
China, principal aliado e sócio comercial de Pyongyang, a fazer o
máximo para controlar o vizinho.
Os
analistas divergem sobre o estado de desenvolvimento de Pyongyang em
termos de armas nucleares, mas todos concordam que o país registrou
grandes avanços desde a chegada ao poder de Kim Jong-un, após a morte de
seu pai, Kim Jong-il, em dezembro de 2011.
Seul
e Washington iniciaram na semana passada uma série de exercícios
militares conjuntos, o que sempre irrita Pyongyang, que considera as
manobras um teste para uma eventual invasão.
G1
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