Justiça Federal sequestra cobertura de R$ 1,5 mi ocupada pelo ex-presidente Lula
Publicado por:
Amara Alcântara
A pedido do juiz federal Sergio Moro,
responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, a Justiça
Federal sequestrou no início de fevereiro a cobertura número 121 do
Edifício Hill House, em São Bernardo do Campo (SP), avaliada em 1,5
milhão de reais e ocupada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O
apartamento, que tem 188,9 metros quadrados de área privativa e é
vizinho ao de Lula, não pertence ao petista, mas a Glaucos da
Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai.
A compra do imóvel, feita com dinheiro
de propina da empreiteira Odebrecht, segundo o Ministério Público
Federal, e contratos supostamente fictícios de locação levaram o
ex-presidente ao banco dos réus em uma ação penal da Operação Lava Jato.
O pedido de sequestro, que não impede
Lula de continuar no imóvel, foi feito pelo magistrado no momento em que
aceitou denúncia do MPF contra o petista, em 19 de dezembro, e foi
cumprido em 9 de fevereiro pela Oficial de Justiça Avaliadora Edilamar
Fernandes Dornas, da 3ª Vara Federal de São Bernardo do Campo.
Na certidão em que informa ter
sequestrado o imóvel, Edilamar afirma que entrou em contato com Valmir
Moraes da Silva, segurança do ex-presidente Lula, no dia 6 de fevereiro,
mas ouviu dele que o petista não poderia recebê-la por estar em luto.
Na data do cumprimento do mandado de sequestro, havia três dias que a
ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva havia morrido em São
Paulo, vítima de um acidente vascular cerebral hemorrágico.
O advogado de Lula, Roberto Teixeira,
então teria entrado em contato com a oficial de Justiça e informado que o
imóvel era alugado pelo ex-presidente desde fevereiro de 2011 e que lhe
enviaria uma cópia do documento no mesmo dia. “Entretanto, passados
dois dias e não tendo recebido nada voltei a entrar em contato, mas
desta vez o Doutor Roberto Teixeira informou que não possui cópia do
documento”, escreveu Edilamar Fernandes.
Embora avaliada em 1,5 milhão de reais, a
cobertura foi comprada por 504.000 reais, segundo a força-tarefa da
Lava Jato. O dinheiro, supostamente retirado de contratos da Odebrecht
com a Petrobras, teria tido como destinatário Glaucos Costamarques, em
nome de quem o imóvel foi comprado. Para os procuradores da Lava Jato,
Costamarques atuou como testa de ferro de Lula, em uma operação que
envolveu também Roberto Teixeira.
A ex-primeira-dama Marisa Letícia também
se tornou ré por participação no suposto crime de lavagem de dinheiro
porque assinou, em 2011, o contrato fictício de locação do imóvel, em
que o primo de Bumlai figurava como locador. As investigações da
Operação Lava Jato concluíram que, até pelo menos novembro de 2015, o
aluguel nunca havia sido pago.
Depois de sua morte, os advogados da
ex-primeira-dama pediram a Moro a “absolvição sumária” dela. O MPF deu
parecer pela extinção da punibilidade de Marisa Letícia, o que não
significa absolvição, e o magistrado ainda não se manifestou. Em outra
ação penal contra Marisa Letícia, a que apura a posse de um tríplex no
Guarujá (SP), Moro extinguiu a punibilidade da mulher de Lula e afirmou
que ela deve ser considerada inocente.
A denúncia contra Lula referente ao
apartamento no ABC paulista também envolve a compra, em 2010, de um
terreno na Rua Dr. Haberbeck Brandão, nº 178, em São Paulo (SP), onde
seria erguido o Instituto Lula. O dinheiro teria sido desviado de obras
como a terraplenagem do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj), das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Getúlio Vargas,
no Paraná, além da construção de plataformas de perfuração e da
montagem de um gasoduto.
Os procuradores afirmam que a aquisição
foi feita pela DAG Construtora, do empresário Demerval Gusmão, com
recursos da Odebrecht. Com base em anotações feitas pelo ex-presidente
da empreiteira Marcelo Odebrecht, que fechou acordo de delação premiada,
e planilhas apreendidas na sede da DAG, o Ministério Público Federal
afirma que, entre compra e manutenção do imóvel, a Odebrecht gastou 12,4
milhões de reais.
Fonte: Veja
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