Uma noite no Congresso basta para Lava Jato cair por terra, diz força-tarefa
De acordo com o procurador, a classe política busca encontrar medidas que possam restringir a atuação da Lava Jato
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Operação Lava Jato |
Procuradores
que atuam na força-tarefa da Operação Lava Jato afirmaram estar
preocupados com articulações de políticos no Congresso Nacional para
tentar mudar a legislação eleitoral e também anistiar a prática de caixa
dois. As declarações foram feitas em Curitiba na manhã desta
sexta-feira durante entrevista coletiva convocada para fazer um balanço
dos três anos de operação.
De acordo com o procurador, a classe política busca encontrar medidas
que possam restringir a atuação da Lava Jato. “Os políticos tentaram
aprovar inúmeras medidas para restringir e não alavancar as restrições
criminais. Temos órgãos que, em vez de apoiarem os acordos de leniência,
tentam impedir que as empresas falem sobre os equívocos cometidos”,
afirmou Santos Lima.
Segundo os procuradores, um dos pontos que mais preocupam é a
possibilidade de anistia ao caixa dois. “Trata-se de uma discussão que
só interessa a quem promoveu os atos de corrupção.”
Para o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, existe um claro
conflito de interesses entre a sociedade e os parlamentares. “Os
propósitos de ambos são divergentes. As discussões sobre anistia ao
caixa dois são apenas uma cortina de fumaça para a discussão real da
anistia à lavagem de dinheiro”, disse o procurador.
Dallagnol afirmou que ainda não consegue avaliar se a operação é um
“ponto fora da curva” no combate à corrupção no país. “Não sabemos se a
Lava Jato fez o país sair dos trilhos da corrupção ou se voltaremos a
este tipo de prática”, comentou. Para ele, a ação tem grande
representatividade e indica uma mudança no entendimento de que o crime
compensa. “A operação provocou um rompimento da impunidade dos círculos
de poder no Brasil.”
Para que a operação atinja um grau de perenidade e tenha repercussões
positivas no futuro, o procurador pediu que o Poder Legislativo também
atue para inibir as práticas de corrupção. “A sociedade não pode colocar
todos os pedidos e expectativas sobre o Judiciário – esse foi o erro da
Itália (em referência à Operação Mãos Limpas). É preciso que sociedade,
imprensa e Congresso caminhem para reformas”, destacou.
Segundo Dallagnol, uma das mudanças promovidas pelo Judiciário a
partir da Lava Jato foi o fim do financiamento empresarial de campanhas.
“Outra mudança foi a condenação em segunda instância”, lembrou. Ele
também defendeu restrições ao foro privilegiado. “O Supremo Tribunal
Federal precisa buscar métodos diferentes para os julgamentos a fim de
evitar passar uma mensagem de impunidade à sociedade brasileira”,
declarou.
UOL
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