Mais importante é saber que aposentadoria será paga, diz Meirelles

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta segunda-feira
(19) que a reforma da Previdência é “inevitável, questão de tempo”,
assim como a instituição de um teto para os gastos públicos.
“Mais importante do que a idade que a pessoa vai se aposentar é a
certeza de que ela vai receber a aposentadoria”, afirmou. O ministro
participa de evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp).
Meirelles voltou a defender a importância da aprovação da Proposta de
Emenda Constitucional que limita os gastos públicos à inflação do ano
anterior. Ele apontou que a “evolução dos gastos públicos” é o problema
de maior relevância entre os fatores que afetam o crescimento do país
atualmente. “De 1991 até 2015, os gastos públicos como proporção do
produto cresceram de ao redor de 10% para mais de 19% do PIB agora. Isso
é uma linha de crescimento insustentável. De 2008 a 2015, as despesas
públicas cresceram mais de 50% acima da inflação.”
Ansiedade
A proposta do governo de limitação dos gastos aguarda aprovação no
Congresso. Sobre o tempo necessário para que isso aconteça, Meirelles
apontou que, “se nós compararmos com a ansiedade de todos nós para
resolver o problema, está muito devagar. Mas, se nós compararmos com a
História, vamos ver que está numa velocidade muito grande”.
“Nós temos que mudar a dinâmica estrutural das despesas públicas no
Brasil, o que significa mudar a Constituição”, apontou Meirelles.
“Não se faz uma reforma constitucional em 4 semanas. É um projeto que
demanda um debate intenso. No caso do Brasil, votação em 2 turnos, na
Câmara e no Senado.”
Meirelles apontou ainda que o projeto de limitar os gastos públicos tem o
objetivo de evitar o aumento de impostos.
Saúde e Educação
Meirelles falou também sobre o impacto do teto para os gastos públicos
sobre os investimentos nas áreas de Saúde e Educação. “Hoje, existe
definido pela Constituição pisos para investimentos para Saúde e
Educação. Essa é a primeira coisa que temos que enfatizar, a diferença
entre o teto e o piso.”
“Hoje, as despesas de Educação e Saúde estão vinculadas ao crescimento
da receitas líquidas da União”, disse o ministro. “Nós propusemos uma
desvinculação das despesas das receitas e passamos a indexá-las da mesma
forma que o teto, isto é, pela inflação do ano anterior. O que
significa que não há um corte de despesas, muito pelo contrário, mas
manutenção em termos reais.”
Ajuda aos estados
O ministro da Fazenda disse ainda que a ajuda financeira da União aos
estados seria um agravamento da crise fiscal e a “evolução dos gastos
públicos”, apontada por ele como o problema de maior relevância entre os
fatores que afetam o crescimento do país atualmente. “O problema é
quando o governador, e é compreensível, vê na União a solução do seu
problema”, disse.
“Governadores estão enfrentando queda de arrecadação. A União também
está. Os municípios também. As empresas também”, afirmou Meirelles,
apontando que esse recuo “começou a se reverter em muitos setores”, já
que a retomada da “confiança está refletindo em crescimento de vendas”.
“O que ocorre é que, na medida em que há uma recessão, essa recessão
leva a um problema para os estados também”, disse Meirelles, apontando
que ajuda da União não pode ser vista como solução. “Aí é que está o
problema, porque a raiz da crise foi o crescimento desproporcional das
despesas públicas.”
“Eu não posso agudizar o problema visando mitigar o próprio problema.
Temos que tomar cuidado de não matar o paciente na tentativa de
tratá-lo.”
Fonte: G1
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