Morre ex-vereador autor do pedido de impeachment de Getúlio Vargas em 1954
Wilson Leite Passos tinha 89 anos |
Aos
89 anos, morreu ontem à noite, no Rio, o ex-vereador Wilson Leite
Passos. Ele tinha câncer de pulmão e estava internado desde o dia 31 de
agosto na Clínica São Carlos, no bairro do Humaitá, zona sul do Rio.
Personagem
da história do Brasil por ter sido o autor do primeiro pedido de
impeachment de um presidente – de Getúlio Vargas, em 1954 -, ele
descobriu a doença há três anos e oito meses, segundo sua esposa Maria,
com quem vivia há 19 anos. Seu corpo será cremado na segunda-feira, às
10 horas, no Crematório do Memorial do Carmo. Ele passou os últimos dias
em coma induzido. Depois de uma inflamação no cérebro, tinha
alimentação restrita e pouco conversava.
Nascido no dia 9 de
dezembro de 1926, o político tinha formação em administração pública e
relações públicas. Não teve filhos. Registrou a união estável com Maria
havia três anos. No apartamento em que viviam, no Leme, na zona sul, não
recebia visitas. Terminou a vida isolado.
Vereador no Rio por
oito mandatos seguidos, uma das figuras mais controversas do Legislativo
carioca, Leite Passos concluiu a carreira política em 2008 – tentou uma
última reeleição em 2012, pelo PP, mas não se elegeu. Dizia-se defensor
de “valores morais e cívicos” e das Forças Armadas.
Na condição
de militante da União Democrática Nacional (UDN), partido conservador
que ajudaria a fundar em 1945, ele tornou-se célebre por assinar o
pedido de impedimento de Getúlio. A proposta foi rejeitada no dia 16 de
junho de 1954 pela Câmara Federal por 136 votos a 35, com 40 abstenções.
Com
discurso anticomunista, foi apoiador do golpe militar de 1964 e criador
do Serviço Municipal de Eugenia, atuante de 1956 a 1975, que fornecia
orientação a casais jovens para que obtivessem “filhos sadios e famílias
equilibradas”. Seus opositores na Câmara dos Vereadores sustentavam que
ele era antissemita declarado. Negava o holocausto. Mantinha como
tesouro uma pistola alemã de um oficial nazista da Segunda Guerra, que
ele acreditava ter sido usada para matar “muito comunista”.
IstoÉ
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