Cientistas do estado de São Paulo obtêm leite de vaca que não dá alergia
Caravela,
uma vaca mineira, permitiu que Túlio Madureira, 30, um produtor de
queijo artesanal que não podia tomar leite, recuperasse um pouco do
gosto pela vida. A vaca produz um leite diferente, que não faz tão mal
para o sistema gastrointestinal. Pensando em quem tem problemas como o
de Madureira, uma pesquisa tenta criar mais Caravelas pelo país.
Madureira
não está sozinho. Os problemas relacionados ao consumo de leite são
comuns. Cerca de 2/3 da população mundial, segundo dados da Sociedade
Brasileira de Alimentação e Nutrição, possui deficiência da enzima
lactase. É ela a responsável pela quebra da proteína lactose, presente
em laticínios.
Sem a lactase, um copo de leite se torna um
problemão. Esse açúcar se acumula no intestino, o que significa casa,
comida e roupa lavada para bactérias, que se multiplicam, causando
problemas como gases e diarreia. No Brasil, cerca de 25% das pessoas tem
algum grau de deficit ligado à enzima.
Entre refluxos e
indisposições intestinais, um médico encontrou três úlceras no esôfago
de Madureira, quinta geração de uma família de produtores de queijo. O
leite era o provável culpado. Por quatro anos, o consumo de laticínios
parou. Até Caravela.
A vaca era da raça gir leiteiro, que, segundo
Aníbal Vercesi, pesquisador do Instituto de Zootecnia de São Paulo,
pode produzir leite sem ou com pouca proteína betacaseína tipo A1 (veja
infográfico). Isso tornaria o líquido mais saudável, ou seja, com menos
chances de causar problemas alimentares.
PESQUISA
Partindo
do princípio que o leite com betacaseína tipo A2 é menos alergênico, um
estudo do Instituto de Zootecnia de São Paulo começou, a partir de
inseminação de vacas da raça gir leiteiro, a criar animais que só
produzem leite com esse tipo de proteína.
“Já está comprovado na área médica, que essa proteína causa um certo grau de inflamação na mucosa intestinal”, afirma Vercesi.
Uol
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