Vereador é detido dentro da Câmara de Curitiba após agredir e assediar vereadora
O
vereador João Galdino de Souza (PSDB), conhecido como Professor
Galdino, foi detido na manhã desta quarta-feira (14) dentro da Câmara de
Curitiba
por guardas municipais. Ele é acusado de agredir e assediar sexualmente
a vereadora Carla Pimentel (PSC) em uma sala anexa ao plenário. Outros
parlamentares confirmam a agressão.
Levado numa viatura da Guarda
Municipal, Galdino foi para um distrito policial. Carla, que é
missionária evangélica, também seguiu para a delegacia para registrar
boletim de ocorrência.
Fontes ouvidas pelo UOL,
que pediram para não serem identificadas, disseram que Galdino se
ofereceu para ir ao distrito no próprio carro, o que foi recusado pelos
guardas.
Do distrito policial, Galdino foi levado à Delegacia da
Mulher, onde o caso será apurado. Carla Pimentel e outros vereadores
também foram para o local.
“Estávamos [numa sala anexo ao
plenário, conhecida como sala do cafezinho] conversando. Galdino puxou
um santinho [do irmão, que é candidato a vereador] para mostrar, e
ofereceu para Carla. Ela guardou-o; ele pediu de volta. Como ela se
negou, ele saltou sobre a mesa a que estava sentado e apoiou as mãos
sobre o corpo dela”, contou o vereador Bruno Pessuti (PSD).
“Ele a
assediou, passou a mão nela. Quis agredi-la, mas se aproveitou da
situação. Depois, disse que ela não era mulher de Deus, que não era
pessoa certa. Irei à delegacia prestar depoimento”, afirmou o vereador.
“Ele
[Galdino] se jogou em cima da mesa em direção ao peito dela. Deu a
sensação de estava se aproveitando do momento para ter contato físico
com a vereadora”, disse o vereador Jonny Stica (PDT).
“Galdino voltou para a sala e começou a nos agredir verbalmente, nos chamando de mentirosos.”
Em
vídeo publicado em seu perfil em rede social, gravado a caminho da
delegacia, Carla Pimentel diz que “a gente não pode aceitar as mulheres
apanhando”.
Outros vereadores que presenciaram a ocorrência – Beto
Moraes (PSDB), Rogério Campos (PSC) e Helio Wirbiski (PPS) – foram à
delegacia prestar depoimento.
A vereadora Noêmia Rocha (PMDB),
corregedora da Câmara, já anunciou que abrirá processo contra o tucano.
“Vou ouvir os dois vereadores e encaminhar ao Conselho de Ética. A
vereadora relatou assédio sexual. Pela gravidade do assunto, cabe
cassação de mandato.”
Galdino já é alvo de uma representação no
Conselho de Ética por ofensa e assédio moral a servidores da Comunicação
da casa. Ele usou, em plenário, o termo “cabaço” para se referir a uma
funcionária.
A assessoria de imprensa de Galdino diz que não houve agressão, e que se trata de “armação política”. O UOL já solicitou uma entrevista com o parlamentar.
Quem é Galdino
Vereador
em segundo mandato, Galdino é conhecido por usar um jaleco branco de
professor, ultimamente acompanhado, inclusive em ambientes fechados, por
um par de óculos escuros – ele diz sofrer de fotofobia.
Em seu perfil no site da Câmara, diz ter lecionado história, inglês, francês e alemão, além de ter vivido na Europa e no Japão.
O
tucano não é candidato à reeleição. Seu irmão, Edu Galdino, que se
apresenta com os mesmos jaleco branco e óculos escuros do atual
vereador, disputa mandato na Câmara. Edu usa, inclusive, o mesmo nome
de urna e jingle de campanha do irmão.
PSDB fala em expulsão
Em
nota, o presidente do PSDB em Curitiba, Juraci Barbosa Sobrinho, afirma
que “repudia não só a falta de decoro, mas principalmente as agressões
físicas, especialmente contra mulheres, motivo pelo qual já determinei
ao Conselho de Ética do Diretório Municipal a abertura de processo
disciplinar para apurar os fatos, que, se confirmados, resultarão na
expulsão do filiado infrator”.
Prossegue o texto:
“o PSDB Mulher já encaminhou à Presidência da Comissão Executiva requerimento de apuração dos fatos e aplicação de sanções disciplinares
ao Vereador. Por fim, esclareço que o vereador Professor Galdino não é
candidato ao pleito de 2016, uma vez que não obteve legenda na convenção
municipal, e não pode ser confundido com o [irmão dele e] candidato Edu
Galdino”.
Uol
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