Caso Dom Aldo é o de mais alta ‘patente’ de pedofilia, diz Jornal Folha de São Paulo
O
Jornal Folha de São Paulo repercutiu, na noite desta quarta-feira (06),
o afastamento do arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, do cargo. A
matéria, publicada na versão online do jornal, classifica o caso como o
de mais alta ‘patente’ entre escândalos de pedofilia envolvendo a Igreja
Católica.
Confira a matéria na integra abaixo:
A
renúncia do arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, 66, se tornou o
caso de mais alta autoridade da Igreja Católica relacionada à pedofilia
entre os de maior repercussão pública dos últimos anos no país. Mas está
longe de ser o único.
O anúncio da saída do cargo ocorre seis
meses após a estreia no Brasil de “Spotlight – Segredos Revelados”,
vencedor do Oscar de melhor filme e que relatou em uma extensa lista
escândalos de abuso sexual envolvendo um monsenhor e seis padres
brasileiros de quatro cidades.
Os casos em “Spotlight” citam
religiosos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Alagoas e
resultaram em pedidos de perdão, prisões e condenações na Justiça.
Um
deles é o do padre José Afonso Dé, 83, de Franca, que recebeu a maior
pena, embora nunca tenha sido preso. Condenado a mais de 60 anos de
prisão por abuso sexual a oito coroinhas, ele afirmou no mês seguinte ao
lançamento do filme no país que estudava processar os seus produtores,
pois tinha sido absolvido em sete das nove condenações de abuso.
Internado
há pelo menos 15 dias em coma na Santa Casa de Franca devido a
pneumonia e câncer de próstata, o religioso deve ter o desejo mantido
por seus familiares, segundo afirmou nesta quarta-feira (6) seu
advogado, José Chiachiri Neto.
“A família deve seguir a vontade
dele, caso venha a ser absolvido em todos os casos. Poderá ser exigido o
pagamento de indenização por ofensa à honra, por estar na chamada
‘Lista da Vergonha'”, disse Chiachiri.
Os outros dois casos ainda
não foram julgados. A repercussão do caso fez o então bispo de Franca,
dom Pedro Luiz Stringhini, pedir perdão em nome da diocese.
O
filme, inspirado numa investigação jornalística intensa do “The Boston
Globe”, mostrou como a cúpula local da Igreja Católica tinha acobertado
dezenas de padres acusados de molestar crianças e adolescentes.
Franca
aparece na lista ao lado do Rio, de Mariana (MG) e de Arapiraca (AL).
Na cidade alagoana, três religiosos foram proibidos pelo Vaticano de
celebrar missas ou exercer quaisquer atividades como padres após imagens
de um dos religiosos fazendo sexo oral com um jovem terem sido
divulgadas em 2010 pelo SBT.
Assim como no caso do interior
paulista, o bispo de Penedo, dom Valério Breda, pediu perdão em nome da
igreja. Foram afastados os padres Edilson Duarte e Raimundo Gomes
–condenados a 16 anos e quatro meses de prisão– e o monsenhor Luiz
Marques Barbosa, condenado a 21 anos por exploração sexual. À época,
eles negaram.
Um AVC matou Gomes em 2014. Os outros dois recorrem em liberdade.
Já
na cidade mineira, o padre Bonifácio Buzzi cumpriu pena por oito anos
(2007 a 2015), após duas condenações por abuso sexual de crianças, em
1995 e em 2004, e foi afastado.
Os registros no Rio ocorreram em
Bangu, em 2007, e Niterói, na região metropolitana, em 2013. Os padres
também foram suspensos pela igreja.
Os casos, no entanto,
continuam sendo registrados no país. Em março, um padre foi afastado por
suspeita de pedofilia em Diamantina (MG).
Questionada sobre o
total de religiosos afastados de suas funções por algum elo com
pedofilia nos últimos anos e sobre a renúncia do arcebispo, a CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) não se pronunciou nesta
quarta-feira (6).
MaisPB com Folha de São Paulo
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