Mais de 5 mil obras iniciadas com o dinheiro público estão paradas no país
De
Norte a Sul do Brasil, milhares de empreendimentos iniciados com o
dinheiro público estão parados, sem perspectiva de retomada.
Levantamento mostra que há, pelo menos, 5.000 obras paralisadas no país
inteiro, num total de investimentos de mais de R$ 15 bilhões.
Os
projetos estão espalhados por vários setores e incluem restauração e
pavimentação de rodovias, expansão de ferrovias, escolas, construção de
prédios públicos e saneamento básico.
O trabalho foi elaborado com
base em informações dos tribunais de contas dos Estados (TCEs),
programas online de acompanhamento de obras e levantamento dos
Ministérios de Cidades, Integração Nacional e Transportes a pedido da
reportagem.
Embora seja alarmante, o resultado pode ser
considerado conservador: de todos os TCEs consultados, apenas dez tinham
acompanhamento dos projetos (municipais e estaduais), como o tribunal
do Paraná, Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás. Os
prejuízos causados pela paralisação de obras são incalculáveis, afirmam
especialistas.
Além do transtorno para a população, que não
contará com os benefícios dos projetos, a situação representa um grande
prejuízo para os cofres públicos, com o inevitável aumento dos custos
numa retomada da obra.
Outro reflexo está estampado no crescente
avanço do desemprego no país. Importante indutor de emprego e renda, o
setor da construção já demitiu mais de 700 mil pessoas com carteira
assinada de novembro de 2014 para cá.
“A situação piorou muito no
último ano. As obras que não pararam estão com ritmo bastante lento”,
afirma o presidente da Confederação Brasileira da Indústria da
Construção (Cbic), José Carlos Martins. Com o país afundado numa das
piores crises da história, falta dinheiro para quase tudo, especialmente
para a continuidade dos investimentos. O problema é que a deterioração
das contas do governo federal tem um efeito cascata nas finanças de
Estados e municípios, que hoje não têm dinheiro nem para pagar os
funcionários públicos. Com as contas no vermelho, a medida mais fácil – e
mais perversa – é cortar investimentos.
“Boa parte das obras dos
governos estaduais e municipais é feita com recursos de convênios do
governo federal. Eles não têm recursos para tocar os projetos”, afirma
Martins. O enfraquecimento da economia brasileira, no entanto, é apenas
um dos motivos da paralisia generalizada de obras Brasil afora. Há
questões crônicas como projetos malfeitos, burocracia, entraves
ambientais e falta de planejamento. Na pressa para começar a construção,
muitas obras começam sem ter um projeto executivo adequado – medida que
atrasa os empreendimentos e dá margem à corrupção.
Federal
Estagnação
O
Ministério de Cidades informou que tem 311 empreendimentos parados no
Minha Casa Minha Vida e no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Nos Transportes, são 43 projetos.
País não investe o necessário
O
Brasil já sofre com uma infraestrutura precária e com baixas taxas de
investimentos, que neste ano recuaram para em 16,9%. E nem mesmo nos
tempos de bonança, o país conseguiu superar 21%, taxa considerada mínima
para uma nação em desenvolvimento. Um dos motivos é a dificuldade de
levar adiante os empreendimentos, seja em qual for a esfera pública, se
federal, estadual ou municipal. No Paraná, por exemplo, um total de 314
municípios estão com 2.081 obras paradas; em Minas Gerais, 224; Rio
Grande do Sul, 345; e Santa Catarina, 154 projetos.
IG
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