PASTOR REVELA: “Frei Damião foi perseguidor e intolerante com os evangélicos da Assembléia de Deus ” – VEJA VÍDEO
Publicado por: Gutemberg Cardoso
A participação do professor e ex-pastor da Assembleia de Deus Afonso
Júnior, no programa Interview do último dia 30, é uma das mais polêmicas
quando o assunto é religião. Apesar de ele não concordar com tensões
religiosas, ser um pacifista e pregar a união ecumênica em nome de Deus,
a sua entrevista, do ponto de vista histórico, é rica em informações
sobre as divergências entre a Igreja Católica e as congregações
protestantes/evangélicas.
Atualmente, Afonso Júnior é professor, engenheiro agrônomo e
radialista. Mas são as suas experiências como pastor, filho de
evangélicos e neto de um fundador de igreja que enriquece a ‘contação’
de histórias na entrevista.
Frei perseguidor e o ‘terremoto católico’
Sem dúvida, a passagem mais marcante nessa participação do professor
Afonso no programa Interview é quando ele conta que durante muito tempo
sua família teria sido perseguida pelo famoso Frei Damião de Bozzano,
que, segundo Afonso, não tolerava o avanço das igrejas protestantes no
Nordeste.
Ele relata que seu avô travou uma batalha tensa contra os católicos
para conseguir fundar a Assembléia de Deus em Cajazeiras no final da
década de 30. No início, alugou uma casa na Rua Santo Antônio onde
deveria funcionar a congregação evangélica, mas por causa da pressão da
paróquia local, a dona do imóvel proibiu seu avô de fundar ali a igreja.
Foi então que ele partiu para a cidade de Coremas, onde teve menos
dificuldade e conseguiu, enfim, abrir a sua Assembleia. Somente alguns
anos depois é que ele voltou para Cajazeiras para cumprir seu objetivo
religioso.
Na terra do Padre Rolim, sua família conseguiu adquirir um terreno
por trás de onde hoje está localizada a Caixa Econômica Federal para que
a igreja fosse erguida com ajuda dos fiéis. Mas, segundo conta o
professor Afonso, Frei Damião não deu trégua para os “bodes” (apelido
que teria sido dado pelos católicos aos protestantes na época).
No final da década de 30, em um dia de missão por Cajazeiras, após um
sermão na Catedral, Frei Damião reuniu os fiéis católicos e marchou
rumo ao local onde o avô de Afonso estava construindo o templo da
Assembleia. A intenção, segundo conta os familiares do professor, era
derrubar a igreja.
Conforme relata o professor, neste dia seu avô estava no telhado
quando a multidão surgiu resoluta. Como a casa ficava próxima ao
destacamento da polícia, os soldados conseguiram intervir fazendo um
cordão de isolamento em torno do templo e impediram que algo de mais
crítico acontecesse.
Foi neste momento, segundo o professor Afonso, que o fato mais
marcante da história acontece. Decidido a derrubar o templo com o “poder
da fé”, Frei Damião teria incitado os fiéis a pisarem forte no chão
para abalar as estruturas do prédio em construção.
Os familiares do professor contam que, de fato, os muros chegaram a
sacudir e quase vieram abaixo. Afonso completa a história afirmando que
na época até os comerciantes não queriam vender aos evangélicos devido a
essa rixa.
Amenizadas as contendas entre católicos e “crentes”, o primeiro
templo da Assembleia de Deus em Cajazeiras finalmente foi erguido, mas a
tensão entre as partes só teria acabado definitivamente com a chegada
de Dom Zacarias Rolim de Moura à Diocese, bispo que era parente de sua
mãe e que prometeu respeito mútuo entre as religiões. Afonso ressalta
que esse respeito perdura até hoje graças ao processo de ecumenismo.
Fonte: Diário do Sertão
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