Mulher que encomendou morte de irmão em padaria pedia orações em rede social
Acusada de mandar assassinar o próprio irmão, Maria Celeste Nascimento participa de corrente de orações de mãos dadas com a mãe de ambos e o filho menor da vítima |
No dia seguinte ao que parecia ser um
caso de latrocínio, a página de Maria Celeste Nascimento no Facebook
tinha várias mensagens de apoio. Seu irmão, Marcos Antônio Filho havia
sido assassinado durante um assalto na padaria da família. Parentes e
amigos deixaram inúmeras mensagens de força para a jovem.
Com a elucidação do caso veio a
revelação que a morte de Marcos Antônio Filho foi encomendada pela
própria irmã por motivos de herança. Quase dez dias depois do
sepultamento do jovem, a sociedade pode analisar com espanto toda a
frieza de Maria Celeste, que em publicações do Facebook pedia orações
para a mãe dela.
A vítima recebeu uma homenagem póstuma
na academia onde treinava jiu jitsu. A solenidade foi acompanhada por
uma equipe de TV que mostrou Maria Celeste abraçada com o filho menor de
idade da vítima e amparando a mãe.
Acusada, Maria Celeste Nascimento, abraça filho menor de idade do irmão que mandou executar |
Marcos Antônio Filho foi baleado no dia 4
de junho, durante um suposto assalto à padaria que pertencia à irmã. O
jovem, que cursava Medicina Veterinária no Campus da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB) na cidade de Areia, no Brejo paraibano, chegou
a ser socorrido e levado para o Hospital de Emergência e Trauma de João
Pessoa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no mesmo dia.
Ricardo de Souza, Maria Celeste e outras
cinco pessoas foram presas após investigações da Polícia Civil
confirmarem participação dos sete na morte. Seis dos envolvidos no
crime, que teria sido motivado pelo interesse da irmã da vítima em
administrar sozinha todos os bens da família, foram presos na
segunda-feira (27) e o sétimo foi detido no início da tarde desta
terça-feira (28). O último preso teria sido responsável por ajudar na
fuga da dupla que participou do assalto forjado e do tiro que matou o
universitário, também foi preso.
Maria Celeste Nascimento ajuda mãe a pendurar foto de homenagem póstuma ao irmão (que ela própria teria mandado matar) |
R$ 13 mil pela morte
Um dos delegados responsáveis pela investigação, Aldrovilli Grisi, explicou que Maria Celeste havia encomendado a morte do irmão por R$ 13 mil e pretendia pagar o crime aos executores vendendo os bens da própria vítima. A quantia acertada foi confirmada por Ricardo de Souza nesta terça-feira mas, segundo ele, o pagamento não chegou a ser feito.
Um dos delegados responsáveis pela investigação, Aldrovilli Grisi, explicou que Maria Celeste havia encomendado a morte do irmão por R$ 13 mil e pretendia pagar o crime aos executores vendendo os bens da própria vítima. A quantia acertada foi confirmada por Ricardo de Souza nesta terça-feira mas, segundo ele, o pagamento não chegou a ser feito.
Conforme levantamento feito por
Aldrovilli Grisi, o trio responsável por dar prosseguimento ao assalto
forjado à padaria e à execução de Marcos pretendia fugir após a
repercussão do crime. “Tivemos que antecipar o cumprimento dos mandados
porque recebemos informações de que os dois que participaram diretamente
da morte e o terceiro que tinha acertado com Celeste todo o crime
queriam fugir do estado”, comentou.
Embora pretendesse fugir, o trio
dependia do pagamento pela morte de Marcos para ter dinheiro e iniciar a
fuga. Segundo o delegado, a cobrança pelo pagamento por parte dos
executores do crime fez com que Maria Celeste fosse constantemente à
delegacia pedir uma conclusão do caso.
De acordo com Grisi, ela tinha interesse
na documentação da morte do irmão para poder vender os bens que
pertenciam a ele e, com o dinheiro da venda, pagar pelo assassinato do
irmão. “Ela chegou a ir até a delegacia em três momentos, em três
situações diferentes. Sempre cobrando os documentos do irmão para ter
condições legais de vender os bens [da vítima] e ter dinheiro para pagar
pela morte do próprio Marquinhos”, acrescentou o delegado.
Ainda de acordo com a polícia, a prisão
de Maria Celeste aconteceu justamente no dia em que ela foi até a
delegacia buscar a moto que pertencia ao irmão e que tinha sido levada
pelos dois suspeitos de executar o universitário no assalto forjado à
padaria.
Crime planejado
O crime foi planejado dias antes por Maria Celeste e o trio, segundo apontam as investigações. Ela chegou a passar informações sobre o irmão, o horário em que ele estaria na padaria e até uma foto dele, para que não houvesse erro, de acordo com o delegado. No dia do assalto forjado, ela havia retirado a maior parte do dinheiro do caixa da padaria, deixando apenas cerca de R$ 100, e chegou a mandar a localização do estabelecimento por meio de um aplicativo de troca de mensagens por celular.
O crime foi planejado dias antes por Maria Celeste e o trio, segundo apontam as investigações. Ela chegou a passar informações sobre o irmão, o horário em que ele estaria na padaria e até uma foto dele, para que não houvesse erro, de acordo com o delegado. No dia do assalto forjado, ela havia retirado a maior parte do dinheiro do caixa da padaria, deixando apenas cerca de R$ 100, e chegou a mandar a localização do estabelecimento por meio de um aplicativo de troca de mensagens por celular.
Logo após realizar sua parte no plano no dia do crime, de acordo com
Aldrovilli Grisi, Maria Celeste foi até o irmão, que estava no lado de
fora da padaria, e informou que precisava sair para comprar farinha de
trigo para o estabelecimento.
“A motivação para a morte do Marcos era
exclusivamente pecuniária por parte da irmã. Após a morte do pai há
cerca de dois anos, por causas naturais, e diante da impossibilidade da
mãe, que convive com uma doença e toma remédios controlados, o único
empecilho para que ela tomasse conta de todo os bens da família era o
irmão”, concluiu Aldrovilli.
A delegada Júlia Valeska, titular da
delegacia de roubos e furtos e que também participou da elucidação do
crime, comentou que a polícia precisou de calma e profissionalismo para
concluir a operação com a prisão da irmã da vítima. “A todo momento a
família nos passou uma pessoa totalmente diferente da que Maria Celeste
se mostrou durante a evolução das investigações. Foi muito difícil, foi
preciso cruzar os depoimentos e as provas materiais para conseguirmos
chegar ao desfecho”, avaliou a delegada.
Ainda de acordo com Júlia Valeska, a
irmã de Marcos não demostrou remorso e, para ela, apresentou um perfil
de psicopatia. “No momento da prisão, ela não questionou o porquê, ficou
calada, não reagiu. Nem ela, nem a companheira dela, que foi cúmplice”,
explicou. A jovem apontada como cúmplice, de 21 anos, era namorada da
irmã de Marcos e sabia do plano de Maria Celeste para executar o irmão e
administrar sozinha os bens da família.
Os sete suspeitos seguiam presos no
início da tarde desta terça-feira na carceragem da Central de Polícia
Civil de João Pessoa. Pelo menos cinco deles devem responder pelo crime
de homicídio com concurso de roubo e organização criminosa.
Polêmica Paraíba
Internautas revoltados voltaram a comentar as publicações no Facebook, mas o tom era outro
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