Delegado revela que além de mandar matar irmão, Celeste planejava crimes contra conhecidos e sequestrar filho de empresário
O bando preso por suspeita de matar o universitário Marcos Antônio
Filho, de 28 anos, planejava outros crimes, inclusive sequestro, de
acordo com o delegado Aldrovilli Grisi. A comprovação veio com base em
mensagens de texto em poder da principal suspeita, a irmã da vítima,
Maria Celeste. Inclusive, no decorrer das investigações, a polícia
passou a acreditar que um empresário de 54 anos preso sob suspeita de
receptação seria, na verdade, mais uma vítima de Celeste. Ela planejava
um roubo contra o empresário e também sequestrar o filho dele.
Conforme Grisi, uma procuração falsa de Marcos foi encontrada na casa
do empresário de 54 anos. Marcos teria encontrado esse documento e
questionado a irmã e, por isso, teria sido morto. Porém, no decorrer das
investigações, a polícia passou a acreditar que o empresário é mais uma
vítima de Celeste.
O empresário pode não estar diretamente ligado ao homicídio, ou ter
algum interesse no crime, mas foi necessária sua prisão para auxiliar
nas investigações. “Tudo indica que ele seja a pessoa que comprava todos
os bens que Maria Celeste lapidava da família, do patrimônio familiar. A
nossa intenção é buscar se ele tinha interesse ou não no homicídio. Até
o presente momento, tudo está se desenhando que ele não tinha intenção
de participar desse crime, mas, por uma questão de interesse da
investigação, foi necessária a prisão dele nesse momento”, explicou o
delegado.
Segundo
as investigações, Celeste e os outros presos planejavam cometer crimes
contra esse empresário e outros empresários que ela conhecia.
“Informações extrainquérito indicam que os demais criminosos estavam
planejando um roubo contra ele. E não só um roubo, mas também um
sequestro contra o filho dele. Há conversas, diálogos de mensagens de
texto da própria Celeste, provendo informações privilegiadas tanto dele
como possivelmente de outros empresários, outras pessoas com quem ela
mantinha contato”, disse o delegado.
A polícia segue apurando se ele teve participação no homicídio. Por
enquanto, ele segue preso para ajudar nas investigações e também por
crime ambiental. Com ele, foram apreendidas 47 aves silvestres e ele foi
multado em R$ 27 mil.
Relembre
Marcos Antônio Filho foi baleado no dia 4 de junho, durante um
suposto assalto à padaria que pertencia à irmã. O jovem, que cursava
Medicina Veterinária no Campus da Universidade Federal da Paráiba (UFPB)
na cidade de Areia, no Brejo paraibano, chegou a ser socorrido e levado
para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, mas não resistiu
aos ferimentos e morreu no mesmo dia.
“Se a gente soubesse que era irmão, a gente tinha matado ela”, disse o
executor de Marcos Antônio, de 28 anos, morto com um tiro na cabeça na
padaria da família no dia 4 de junho, durante coletiva de imprensa
realizada nesta terça-feira (28) na Central de Polícia, no bairro do
Geisel, na capital.
Os bens da família eram avaliados em cerca de R$ 1 milhão, e teria
sido o motivo pelo qual Maria Celeste, de 26 anos, teria mandado matar o
irmão durante um suposto assalto à padaria dela, no bairro Jardim Luna,
em João Pessoa, segundo informou o delegado Aldrovilli Grisi.
Segundo o delegado, depois da morte do pai dos irmãos, quem passou a
gerir o patrimônio da família, que mora em Bayeux, foi a irmã, uma vez
que a vítima estudava e morava em Areia, no Agreste do estado. Durante a
ausência do irmão, ela conseguiu vender um imóvel e um carro
pertencente à família e ainda segundo Aldrovilli Grisi, teria
falsificado a assinatura do irmão para poder vender um imóvel que estava
no nome dele.
Uma sétima pessoa foi presa, conforme informações passadas por Grisi a
reportagem da TV Cabo Branco por volta das 12h30. O homem era motorista
de transporte alternativo e teria ajudado a dupla que realizou a ação
criminosa na padaria durante a fuga.
Encomenda do crime e envolvidos
Conforme Aldrovilli Grisi, a morte do estudante foi encomendada pelo
valor de R$ 13 mil, que a suspeita pretendia pagar após a execução. O
delegado explica que ela não tinha o dinheiro no momento do contrato.
“Ela pretendia pagar os executores do irmão com o dinheiro dos bens do
próprio irmão”, explica.
Além de Maria Celeste, foram presos Ricardo de Sousa, de 31 anos,
autor do disparo; Nielson da Silva, de 38 anos, comparsa do atirador;
Severino Fernando, de 37 anos, que serviu de ponte entre a irmã e os
criminosos; Wérlida Raynara, de 21 anos, que seria namorada de Celeste; e
João Cardoso, de 54 anos, que está preso preventivamente, pois seria
comprador de imóveis da família.
As prisões são preventivas e conforme o delegado devem se transformar
em temporárias após o aprofundamento das investigações. As cinco
pessoas apresentadas na coletiva, o que exclui o comprador das
propriedades, devem ser indiciadas por homicídio em concurso com roubo –
que é quando o roubo é forjado para ocultar uma execução – e por
formação de quadrilha.
Investigações
O
caso foi tratado primeiramente como homicídio, por isso investigado
pela Delegacia de Homicídios, depois passou para Roubos e Furtos porque
havia a suspeita de que fosse um latrocínio – roubo seguido de morte. A
mudança de rumo na investigação aconteceu após a polícia conseguir na
Justiça a quebra de sigilo telefônico da vítima. Nos registros do
celular da vítima, a polícia encontrou várias ligações do irmão para a
suspeita onde ele questionava a venda do patrimônio, bem como a forma
que ela havia conseguido para vender o imóvel dele. Depois disso, a
polícia conseguiu a quebra do sigilo da suspeita e descobriu como se deu
a negociação para a morte do jovem.
Grisi explicou que a suspeita não gostava de ser questionada e teve a
ideia de executar o irmão para poder vender os imóveis e bens
livremente e sustentar um padrão de vida alto que ela levava. A delegada
de Roubos e Furtos, Julia Valeska, disse que Celeste fez isso “para
viver uma vida de ostentação”.
O delegado relatou na coletiva que a suspeita sustentava duas
namoradas, uma delas foi presa, além de gastar muito em festas, viagens e
compras em restaurantes e shoppings de João Pessoa e Recife. “Ela
levava uma vida luxuosa e queria manter, e a forma que ela encontrou foi
vendendo os bens da família”, detalhou Grisi.
Irmã foi mandante
Na segunda-feira (27), foi presa Maria Celeste Medeiros, de 26 anos, a
irmã de Marcos Antônio, de 28 anos, morto durante assalto a uma
padaria no Jardim Luna, em João Pessoa, no dia 4 de junho. Ela foi presa
como a mandante do assassinato do irmão. Ele foi morto com dois tiros
na cabeça e, conforme a polícia, possivelmente visando a herança da
família.
“Está comprovado que ela foi a mandante”, disse o delegado Aldrovilli Grisi Dantas.
Outros cinco suspeitos também foram presos. De acordo com o delegado,
novos detalhes do caso vão ser repassados nesta terça-feira (28),
durante uma coletiva de imprensa.
O crime
A vítima, irmão da proprietária do estabelecimento, foi socorrida em
estado grave. Segundo informações da Polícia Militar, dois homens
armados entraram na padaria, renderam os funcionários e clientes,
roubaram o dinheiro do caixa e a motocicleta da vítima que foi baleada e
fugiram.
O rapaz ferido mora em Areia e vinha a João Pessoa nos fins de semana
para ajudar no estabelecimento comercial da irmã. Um dos padeiros do
estabelecimento, que se identificou apenas como Araújo, relatou que os
assaltantes atiraram no homem quando ele estava deitado no chão. “O
rapaz estava deitado no chão. Aí ele [o assaltante] disse ‘cadê a chave
da moto?’, o rapaz deu. ‘A moto tem alarme ou não?’, o rapaz não chegou
nem a responder, ele deu um tiro no chão e outro na cabeça do rapaz, na
covardia”, detalhou o padeiro.
Ainda de acordo o funcionário da padaria, ele flagrou a dupla quando
seguia para buscar ovos e leite para fazer bolo. Foi neste momento que
os assaltantes perceberam a presença dele e também o renderam. “Também
me mandaram deitar. Deitei para cima, para esconder uma faca que tava na
mesa de trabalho”, explicou.
Conforme informações do cabo Lenildo, da Polícia Militar, o
funcionário da padaria foi socorrido por uma equipe do Samu em estado de
saúde grave e encaminhado para o Hospital de Emergência e Trauma de
João Pessoa. “Estamos mantendo contato com a dona para que as imagens da
câmera de segurança sejam usadas na busca pelos suspeitos”, comentou.
“Foi execução”, disse perito
Após os primeiros exames periciais, uma equipe do Instituto de
Polícia Científica (IPC) concluiu que o tiro não havia sido acidental.
Para o perito criminal responsável pela análise, Aldenir Lins, o crime
tem características de execução.
“Foram executados dois disparos. O primeiro disparo pegou em um
lixeira, esse não foi direcionado para ninguém, foi um tiro direcionado
para baixo, para o piso, e acabou atingindo a lixeira. O outro disparo
foi exatamente na cabeça da vítima. Esse outro disparo foi muito
direcionado para a vítima. Ele não foi naquela coisa de um momento no
calor da emoção, não houve reação por parte da vítima. Já deu para
perceber que ele chegou, a vítima estava ao solo, estava rendida”,
comentou.
http://www.jornaldaparaiba.com.br/vida_urbana/noticia/172247_apos-mandar-matar-o-irmao–celeste-planejava-sequestrar-filho-de-empresario–afirma-delegado
Fonte: Jornal da Paraíba
Créditos: André Resende com G1
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