Jornal Nacional reage a advogados de Lula, que solicitaram direito de resposta
Na carta, espantosamente, os advogados dizem que nem Lula nem sua
assessoria foram procurados para oferecer uma resposta às acusações que
lhes foram imputadas pelos promotores.
Eles dizem: “Registre-se, ainda, que a assessoria de imprensa do
ex-presidente não foi instada a apresentar qualquer esclarecimento
prévio pela emissora, como seria recomendável e necessário, de acordo
com os princípios editoriais por ela divulgados.”
Isso não é verdade. Em e-mail enviado às 17h33, um jornalista da TV
Globo pediu ao Instituto Lula nota comentando a denúncia oferecida pelo
Ministério Público contra o ex-presidente Lula, no caso Bancoop.
Às 19h14, nosso jornalista recebeu de José Crispiniano, assessor de
imprensa do Instituto Lula, uma mensagem sem nenhum outro comentário
senão um link para a página do Instituto Lula com uma nota sobre as
denúncias dos promotores.
Como é praxe, a resposta do Instituto Lula foi enviada para todos os
responsáveis por noticiários da TV Globo, GloboNews e G1. Não faz
sentido que todos os telejornais peçam ao Instituto Lula a mesma nota
várias vezes.
A resposta do Instituto Lula foi divulgada na íntegra no Jornal
Nacional. O Instituto Lula só respondeu nosso e-mail uma hora e 41
minutos depois da solicitação. Por esse motivo, antes mesmo de
recebermos a sua resposta, e para dar amplo espaço de defesa ao
ex-presidente, a TV Globo decidiu também pedir aos advogados de Lula, os
mesmos que agora pedem direito de resposta, uma nota sobre as denúncias
dos promotores.
Foi às 19h07. No e-mail, o jornalista pedia à assessoria de imprensa
dos advogados que detalhassem o pedido de prisão do ex-presidente e
pedia a posição deles sobre o assunto.
A resposta chegou à redação às 20h25, 15 minutos antes do início do
jornal. Foi enviada pela assessora de imprensa Luiza Gorgatti, e no
espaço para o assunto, dizia: Nota – Teixeira, Martins & Advogados.
Esta nota foi divulgada no Jornal Nacional praticamente na íntegra,
lida por William Bonner e Renata Vasconcellos, apenas com adaptações
para transformá-la em texto jornalístico.
Para sustentar o pedido de resposta, os advogados afirmam que a
reportagem foi ofensiva ao ex-presidente da República. Trata-se de uma
distorção. A reportagem não é ofensiva. Ela é apenas o relato objetivo
da entrevista dos promotores paulistas: descreve o que foi dito sem nada
endossar. O mesmo comportamento de todos os veículos de imprensa, que
dedicaram longas reportagens e suas manchetes ao tema. E reproduzindo as
mesmas respostas de Lula e seus advogados. Se os fatos narrados são
ofensivos ao ex-presidente, a imprensa não tem nenhuma responsabilidade.
Tem, porém, o dever de informar o povo brasileiro dos fatos relevantes,
todos os fatos, sobre quem quer que seja.
No pedido de direito de resposta, há um texto de Lula, em que afirma
que ele e a mulher, Marisa Letícia, não são e nunca foram donos de
nenhum apartamento triplex no Guarujá nem em qualquer outro lugar do
litoral brasileiro.
Na nota, Lula diz que o patrimônio imobiliário dele, hoje, é
exatamente o mesmo que ele tinha ao assumir a Presidência da República,
em janeiro de 2003.
O ex-presidente cita o apartamento onde mora com Marisa, onde já
moravam antes do governo; além do rancho “Los Fubangos” e de um
pesqueiro na represa Billings, ambos adquiridos a prestações.
Lula afirma que o casal também tem dois apartamentos de 70 metros
quadrados que Dona Marisa recebeu em permuta por um lote que ela herdou
da mãe.
Segundo a nota, tudo em São Bernardo do Campo. Tudo registrado no nome deles, no cartório e na declaração anual de bens.
A nota do ex-presidente Lula segue: “Esta é a verdade dos fatos, em
sua simplicidade: entrei e saí da Presidência da República com os mesmos
imóveis que adquiri ao longo da vida, trabalhando desde criança, como
sabem os brasileiros. Não comprei nem ganhei apartamento, mansão, sítio,
fazenda, casa de praia, no Brasil ou no exterior.”
E acrescenta: “As informações sobre o patrimônio do Lula –
verdadeiras, fidedignas, documentadas – sempre estiveram à disposição do
Ministério Público e da imprensa, inclusive da Rede Globo.”
Apesar de dizer que essa é, “a verdade dos fatos em sua
simplicidade”, o texto se alonga em mais 28 parágrafos, em 89 linhas, em
que, com ironia, se dedica, não a se defender das acusações, mas a
fazer críticas ao jornalismo da Globo. A emissora não é parte nas
investigações a que está sujeito o ex-presidente. Cumpre apenas a sua
missão de informar o povo. Respaldada pela Constituição, continuará a
fazê-lo, com serenidade, e sem nada a temer.
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