terça-feira, 22 de julho de 2025

Deputados federais protestam contra decisão de Hugo Motta

Após Hugo Motta barrar reuniões das comissões da Câmara dos Deputados no recesso, oposição diz que "não se calará"

Parlamentares afirmam que proibição é ilegal e apontam perseguição a Bolsonaro como pano de fundo para a medida


Em entrevista coletiva nesta terça-feira (22/07), deputados classificaram a medida como "ilegal" e acusaram a Mesa Diretora de tentar silenciar vozes críticas ao STF - (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado) - X

A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de suspender a realização de reuniões de comissões durante o recesso legislativo provocou forte reação da oposição. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (22/07), deputados classificaram a medida como “ilegal” e acusaram a Mesa Diretora de tentar silenciar vozes críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e de cercear o trabalho parlamentar.

Um dos que líderes do protesto, o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) associou a decisão à recente determinação do ministro Alexandre de Moraes que impôs medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Essa decisão foi obviamente uma reação ao que o ministro Moraes impôs no primeiro dia do recesso. Nós estamos em um recesso branco, porque a LDO ainda não foi votada. Isso não impede o funcionamento das comissões”, argumentou.

Paulo Bilynskyj relatou que a oposição havia articulado, com antecedência, as reuniões da Comissão de Segurança Pública e da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Segundo ele, mais de 50 deputados e dois senadores se mobilizaram para participar das atividades. “Foi um esforço coletivo e legítimo, cancelado de última hora por uma ordem da Presidência da Câmara”, afirmou. O parlamentar destacou que a oposição continuará ativa e “não se calará”.

Na mesma linha, o deputado Felipe Barros (PL-PR), presidente da Comissão de Relações Exteriores, também criticou o que chamou de tentativa de restringir a liberdade de expressão e o direito de organização política. “O presidente Bolsonaro foi proibido de falar com a imprensa. Isso não é apenas censura contra ele, é censura contra todos os veículos de comunicação. Lula, mesmo preso, dava entrevistas. Bolsonaro, sem condenação, foi calado”, declarou.

Felipe Barros afirmou que, apesar da suspensão, a oposição manterá sua agenda política durante o chamado recesso branco. “Três comissões foram criadas para articular mobilização popular, comunicação e estratégias legislativas. Hoje votaríamos uma moção de apoio ao presidente Bolsonaro e faríamos encaminhamentos a organismos internacionais. Isso será retomado em agosto”, avisou.

Os parlamentares também anunciaram que devem intensificar articulações com suas bases eleitorais durante o período. “Vamos mobilizar a militância para voltar às ruas a partir do dia 03. O que estamos vivendo é uma perseguição política institucionalizada. E diante disso, nós não fugiremos do combate”, concluiu Felipe Barros.

A presidência da Câmara ainda não se manifestou oficialmente sobre os protestos.

Correio Braziliense - Por Alícia Bernardes (Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro)

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