Após Hugo Motta barrar reuniões das comissões da Câmara dos Deputados no recesso, oposição diz que "não se calará"
Parlamentares afirmam que proibição é ilegal e apontam perseguição a Bolsonaro como pano de fundo para a medida
A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de suspender a realização de reuniões de comissões durante o recesso legislativo provocou forte reação da oposição. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (22/07), deputados classificaram a medida como “ilegal” e acusaram a Mesa Diretora de tentar silenciar vozes críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e de cercear o trabalho parlamentar.
Um dos que líderes do protesto, o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) associou a decisão à recente determinação do ministro Alexandre de Moraes que impôs medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Essa decisão foi obviamente uma reação ao que o ministro Moraes impôs no primeiro dia do recesso. Nós estamos em um recesso branco, porque a LDO ainda não foi votada. Isso não impede o funcionamento das comissões”, argumentou.
Paulo Bilynskyj relatou que a oposição havia articulado, com antecedência, as reuniões da Comissão de Segurança Pública e da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Segundo ele, mais de 50 deputados e dois senadores se mobilizaram para participar das atividades. “Foi um esforço coletivo e legítimo, cancelado de última hora por uma ordem da Presidência da Câmara”, afirmou. O parlamentar destacou que a oposição continuará ativa e “não se calará”.
Na mesma linha, o deputado Felipe Barros (PL-PR), presidente da Comissão de Relações Exteriores, também criticou o que chamou de tentativa de restringir a liberdade de expressão e o direito de organização política. “O presidente Bolsonaro foi proibido de falar com a imprensa. Isso não é apenas censura contra ele, é censura contra todos os veículos de comunicação. Lula, mesmo preso, dava entrevistas. Bolsonaro, sem condenação, foi calado”, declarou.
Felipe Barros afirmou que, apesar da suspensão, a oposição manterá sua agenda política durante o chamado recesso branco. “Três comissões foram criadas para articular mobilização popular, comunicação e estratégias legislativas. Hoje votaríamos uma moção de apoio ao presidente Bolsonaro e faríamos encaminhamentos a organismos internacionais. Isso será retomado em agosto”, avisou.
Os parlamentares também anunciaram que devem intensificar articulações com suas bases eleitorais durante o período. “Vamos mobilizar a militância para voltar às ruas a partir do dia 03. O que estamos vivendo é uma perseguição política institucionalizada. E diante disso, nós não fugiremos do combate”, concluiu Felipe Barros.
A presidência da Câmara ainda não se manifestou oficialmente sobre os protestos.
Correio Braziliense - Por Alícia Bernardes (Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro)
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