Câmara derruba aumento do IOF e impõe nova derrota ao governo; a votação contou com o aval de 383 parlamentares bolsonaristas contra 98 da base governista
O governo Lula sofreu mais uma derrota na Câmara dos Deputados com a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 214/2025, proposto pela oposição, que anula o Decreto Federal nº 12.466/2025, responsável por aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A proposta bolsonarista ganhou o aval de 383 parlamentares — contra 98 da base governista.
“Não podemos aceitar o aumento do IOF, que vai impactar diretamente a taxa de juros. Isso incide sobre o feijão, o arroz, o café, o pãozinho. Esse não é um imposto da classe média, é um imposto que atinge o povo brasileiro — do que recebe Bolsa Família ao que é considerado classe média. Precisamos encerrar essa discussão”, disse o parlamentar.
Antes da votação, após a base governista tentar barrar a análise da proposta com dois requerimentos — ambos rejeitados —, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), reagiu. Para ele, a aprovação do PDL “não representa uma derrota do governo Lula, mas sim uma derrota do Brasil”.
“Existe um discurso falacioso e mentiroso de que o governo é gastador e cobrador de impostos, mas isso não é verdade. Se há um governo que teve responsabilidade fiscal nos últimos dois anos, é o governo do presidente Lula, que não promoveu nenhuma gastança como o anterior. Portanto, o IOF não é para taxar os mais pobres. É, antes de tudo, cobrar dos sonegadores”, argumentou José Guimarães.
"Votação surpresa"
A votação foi realizada, segundo a base governista, de “surpresa” após o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), pautar a matéria por meio de uma postagem no X, às 23h35 da última terça-feira (24/06). A oposição, entretanto, nega a narrativa e afirma que a pauta já estava prevista desde a semana passada após comunicado em reunião com o corpo de líderes da Casa.
O deputado Pedro Lucas (União-MA) confirmou a declaração de Sóstenes em plenário e destacou que o PDL foi discutido em duas reuniões e que todos os líderes tomaram conhecimento da votação por meio do presidente Hugo Motta na semana passada.
Sóstenes contrapôs dizendo que “qualquer parlamentar nesta Casa pode relatar qualquer matéria (...). O Coronel Crisóstomo tem legitimidade, nosso apoio e será o relator da sustação. Não cabe a crítica do deputado Lindbergh”, disse o bolsonarista, que devolveu as acusações com críticas à condução política e fiscal do governo federal.
Segundo ele, há “incoerência” do Executivo ao responsabilizar a oposição por um possível contingenciamento orçamentário. Para ele, “cabe ao governo resolver os seu problemas”, como a greve dos auditores da Receita Federal, que já dura mais de 200 dias.
Conforme o Correio Braziliense noticiou, o governo esperava que a discussão sobre a medida ocorresse somente após a divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas, previsto para 22 de julho, quando haveria maior clareza sobre o cenário fiscal. A articulação palaciana também contava com a construção de um novo pacote tributário em negociação com o Congresso para substituir o aumento do IOF.
Correio Braziliense
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