sexta-feira, 2 de maio de 2025

Morre Nana Caymmi, uma das maiores vozes da música brasileira

Aos 84 anos, a cantora tratava arritmia cardíaca e teve overdose de opioides na UTI em que estava internada na última terça-feira (29/04)

Nana Caymmi morreu nesta quinta (1º/5) aos 84 anos -  (crédito: Reprodução/Instagram/@ nanacaymmi)
Nana Caymmi morreu nesta quinta (1º/05) aos 84 anos - (crédito: Reprodução/Instagram/@ nanacaymmi) - X

Morreu nessa quinta-feira (1º/05), às 19h10, a cantora e compositora Nana Caymmi, uma das principais vozes da música popular brasileira, após nove meses de internação na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro. A morte da artista, que havia completado 84 anos na última terça (29/4) e tratava de arritmia cardíaca, foi confirmada pelo irmão dela, Danilo Caymmi, e pela clínica carioca em que ela estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que informou ao Correio o horário e a causa da morte: “Disfunção de múltiplos órgãos”.

Internada desde agosto do ano passado, Dinahir Tostes Caymmi, conhecida pelo nome artístico Nana, passava pela mais longa de três internações desde o início de 2024. Durante o período, foi submetida a procedimentos como cateterismo e traqueostomia, a fim de auxiliar a respiração, bem como a implantação de um marca-passo. 

Na última terça, dia do aniversário da artista, Danilo contou ao jornal O Globo que ela teve uma overdose de opioides no hospital. Ele afirmou que a obesidade com que a irmã convivia contribuiu para o quadro delicado, que incluiu também uma infecção óssea. Até o dia em que comemorou a vida este ano, porém, estava “lúcida”. 

Vida e carreira

Nana nasceu em 1941, no Rio de Janeiro, primogênita do lar musical composto pelos cantores Dorival Caymmi e Stella Maris. Em 1960, estreou profissionalmente na carreira do pai, quando gravou pela primeira vez uma faixa de um disco dele, Acalanto, composta para ela quando criança: é ela que dá voz ao famoso “boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta”. 

No mesmo ano, lançou o primeiro disco solo, um compacto, e assinou contrato com a antiga TV Tupi, onde passou a se apresentar nos programas Sucessos musicais e, posteriormente, A canção de Nana.  

Em 1961, casou-se com o médico Gilberto José Aponte Paoli, com quem se mudou para Venezuela e teve as filhas Stella Teresa e Denise Maria. 1963 foi o ano do primeiro LP, Nana, e de voltar com o filho João Gilberto na barriga para o Brasil, separada do ex-marido.

Em 1973, ela contou ao Globo que a gravação do primeiro trabalho foi decisiva para que ela decidisse que não podia viver longe da música e, consequentemente, para o fim do primeiro casamento. Em 1966, venceu o I Festival Internacional da Canção da TV Globo e, em 1967, casou-se com Gilberto Gil, de quem se separou no ano seguinte.

A década de 1970 foi a que a colocou entre os principais nomes da MPB, título que nunca mais lhe foi tirado. Em 1975, lançou Nana Caymmi e trabalhou com os principais músicos brasileiros, entre eles Milton Nascimento, João Donato, Ivan Lins e Gonzaguinha.

Nos anos 1990, se aventurou pelo bolero e foi contemplada com o primeiro disco de ouro da carreira, pela venda de cem mil cópias de Resposta ao tempo. Nana eternizou músicas que, na voz dela, foram trilha de novelas como Hilda Furacão (1998) e Caminho das Índias (2010). 

Em 2016, passou por cirurgia de remoção de tumor cancerígeno no estômago. Em 2019 e 2021, foi indicada, respectivamente, aos prêmios de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira e Álbum do Ano do Grammy Latino. 

No mesmo ano, quando sofreu onda de cancelamento na internet por falas simpáticas ao governo de Jair Bolsonaro, falou, também ao Globo, sobre ter sido aposentada do cenário musical brasileiro. “Estou defasada, o canto não é mais uma coisa que se queira ouvir, os meus fãs estão velhos”, disse. “Com o fracasso do disco, com a queda das gravadoras, com essa música que está sendo tocada no Brasil... Isso não para mim! Não é que eu tenha me aposentado, me aposentaram.”

Blog JURU EM DESTAQUE com Correio Braziliense

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