Investigação aponta suposto uso da máquina pública para influenciar resultado eleitoral no município de Água Branca, no Sertão da Paraíba
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Processo de cassação da prefeita Marluce Pereira Veras e do vice, José Nicolau Pereira, tramita no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) |
Um processo judicial eleitoral movido por José Beroaldo Gomes de Andrade nas eleições de 2024 para prefeito de Água Branca, no Sertão paraibano, alega que a chapa vencedora, composta por Marluce Pereira Veras de Brito (prefeita eleita) e José Nicolau Pereira (vice-prefeito eleito), teria utilizado a máquina pública para influenciar o resultado das eleições. A ação, que tramita no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB), levanta suspeitas de abuso de poder político e econômico, além de suposta compra de votos por meio de contratações irregulares de eleitores.
Acusações de compra de votos e contratações irregulares
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida por Beroaldo alega que o prefeito Tom utilizou a estrutura administrativa do município para beneficiar a chapa de Marluce e José Nicolau. Segundo a denúncia, o prefeito teria promovido contratações de eleitores e suas famílias, sob a justificativa de “prestações de serviços pontuais”, mas com o objetivo de cooptar votos. Essas contratações teriam sido amplamente divulgadas nas redes sociais da chapa vencedora, com postagens que celebravam as “adesões” de eleitores.
A ação cita exemplos de eleitores que teriam sido contratados pela prefeitura e, em seguida, manifestaram apoio público à chapa de Marluce e José Nicolau. As postagens nas redes sociais mostram os eleitores sendo apresentados como “conquistas” da campanha, com frases como “Seja bem-vindo à família 10”. A denúncia alega que essas contratações teriam influenciado diretamente o resultado das eleições, já que a diferença de votos foi mínima.
Aumento expressivo de contratações em ano eleitoral
Outro ponto destacado na ação é o aumento expressivo de contratações de prestadores de serviços pela prefeitura em 2024, ano eleitoral. Segundo dados extraídos do sistema SAGRES do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), o município de Água Branca passou de um gasto de 4,6 milhões em 2023 para 5,8 milhões em 2024 com contratações de pessoas físicas. A ação aponta que muitas dessas contratações ocorreram no período vedado pela legislação eleitoral, que proíbe a nomeação ou contratação de servidores nos três meses anteriores à eleição.
A denúncia também menciona que várias das contratações foram feitas sem justificativa de urgência ou relevância, e que os serviços prestados pelos contratados eram de natureza contínua, não eventual, o que contraria a classificação contábil utilizada pela prefeitura.
Efeito cascata e pressão psicológica
A ação ainda argumenta que a divulgação massiva das “adesões” nas redes sociais criou um “efeito cascata”, influenciando eleitores indecisos a apoiar a chapa de Marluce e José Nicolau. Em cidades pequenas como Água Branca, onde as relações sociais são próximas, a pressão comunitária e a percepção de que uma candidatura é favorita podem ter um impacto significativo no comportamento dos eleitores.
O que diz a legislação eleitoral
A legislação eleitoral proíbe o uso de recursos públicos para fins eleitorais e considera abuso de poder político a utilização de cargos ou funções públicas para beneficiar candidatos. Além disso, a contratação de servidores em período eleitoral, sem justificativa de urgência ou relevância, pode configurar conduta vedada.
A ação pede a cassação dos diplomas dos eleitos, a declaração de inelegibilidade por oito anos e a aplicação de multas. O Ministério Público Eleitoral foi notificado para atuar no caso e apresentar denúncia, caso entenda necessário.
Próximos passos
O processo segue em tramitação no TRE-PB, e os investigados terão a oportunidade de apresentar suas defesas. A Justiça Eleitoral deverá analisar as provas e decidir se as condutas descritas na ação configuram abuso de poder político e econômico, além de compra de votos.
Enquanto isso, a população de Água Branca aguarda o desfecho do caso, que pode impactar não apenas o resultado das eleições de 2024, mas também a confiança no sistema eleitoral do município.
Nota da Redação: As informações contidas nesta matéria são baseadas em documentos públicos disponíveis no processo judicial eleitoral em tramitação no TRE-PB. O objetivo é informar os fatos de maneira imparcial, sem emitir juízo de valor sobre a culpabilidade ou inocência dos envolvidos.
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