domingo, 11 de fevereiro de 2024

JURUfolia 2004, maior carnaval de todos os tempos na região

Vinte anos se passaram do 'JURUfolia 2004', maior festividade carnavalesca da cidade de Juru e região, realizado no ano de 2004

Ponte da Serra Branca, um dos pontos turísticos mais visitados do município de Juru, no Sertão da Paraíba, com os foliões se refrecando na correnteza do rio durante o carnaval de 2004

O ano era 2004, há vinte anos atrás, e Juru, no Sertão da Paraíba, realizava na região o maior carnaval de todos os tempos. Quem viveu aquela época e teve oportunidade de participar do evento pode testemunhar - inclusive, também pode testemunhar quem não teve oportunidade de participar mas assistiu os flashes, que foram transmitidos, ao vivo, para toda a Paraíba e estados vizinhos através da TV Tambaú, emissora afiliada do SBT.

Na época, eu estava prefeito de Juru, e, dias depois, quando passeava pelo shopping ou frequentava repartições públicas em João Pessoa, capital do Estado, pude ver a repercussão da realização do evento carnavalesco. Era frequentemente parado por pessoas, que sequer me conheciam mas que tinham visto a transmissão pela televisão. Todos queriam parabenizar-me pela proeza e também pelas belas paisagens da localidade onde o JURUfolia foi realizado: a ponte da Serra Branca, localizada há um quilômetro de distância da cidade, na rodovia PB 306, saída para Tavares-PB. 

O local é um dos pontos turísticos mais visitados do município, por conta do espaço bucólico que reúne cachoeiras, piscinas naturais e mata densa entre o Planalto da Borborema, também chamado de Serra da Borborema, uma região serrana que está localizada no Nordeste do Brasil e abrange quatro Estados do país: Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas. 

Devido sua altitude, essa formação geológica colabora com a ocorrência do clima árido nordestino, interferindo diretamente no clima e no relevo que se forma na região. A altitude média do Planalto da Borborema é de 500 metros, no entanto, há picos de 1260 metros, como é o caso do Pico do Papagaio, em Pernambuco, Estado onde se destaca também o Pico da Boa Vista. Já na Paraíba, merece destaque o Pico do Jabre, na região de Patos, com quase 1200 metros.

Voltemos, no entanto, ao objetivo principal do Blog JURU EM DESTAQUE, que é mostrar para os seus diletos leitores a extinção de um grande evento popular realizada com sucesso em Juru, mas que os gestores que me sucederam não deram continuidade. Esse não era, aliás, um evento de destaque do seu idealizador, mas, isso sim, um acontecimento festivo que gerava emprego e renda, uma vez que o JURUfolia, realizado em 2004, reuniu multidões durante todo o período momesco, tanto na ponte da Serra Branca, durante o dia, como na cidade, durante à noite. 

Toda estrutura física do evento, construída pela Prefeitura Municipal, foi concluída em pouco mais de uma semana de serviços realizados por homens que se dispuseram a trabalhar dia e noite. Logo, um palco construído em alvenaria com pedras, ferro e cimento foi erguido às margens do rio Serra Branca, curso d'água que na época contava com correnteza suficiente para permitir o banho dos foliões. 

Além do desmatamento e dos serviços de limpeza feitos no local em um exíguo espaço de tempo, também foram construídos estacionamentos para veículos, pavimentação em paralelepípedos para ampliação dos espaços e degraus para facilitar o acesso à área interna onde foram comercializados os produtos de alimentação e bebidas. 

Um moderno sistema de iluminação pública foi instalado no percurso da cidade até a ponte da Serra Branca, cujo serviço permitia que as pessoas fizessem aquele trajeto em segurança durante à noite, inclusive em caminhadas noturnas. Infelizmente, essa iluminação pública não existe mais e o local da festa do carnaval de 2004 encontra-se abandonado. 

Também foram beneficiados com uma renda extra, os proprietários de estacionamentos particulares, os donos de espetinhos e os vendedores de picolé, pipoca e algodão doce, entre outros produtos comercializados no local. Os mototaxistas e vários profissionais liberais também colocaram um dinheirinho a mais nos bolsos, inclusive os proprietários de lojas de roupa, salões de beleza, dormitórios, bares e restaurantes da cidade.

Sem a contratação de atrações famosas, as despesas com os shows musicais foram mínimos, tudo dentro da capacidade de pagamento da prefeitura, sem comprometer os compromissos com outros setores da gestão.

É lamentável, contudo, que a maior festa popular do país, que acontece durante os quatro dias que precedem a quarta-feira de cinzas (início da Quaresma), tenha sido ignorada em Juru durante 20 anos. Trata-se, aliás, do "Maior Espetáculo na Terra", como os brasileiros comumente se referem ao carnaval, e que movimentou cerca de 6,25 bilhões de reais e gerou mais de 20 mil empregos em 2018, por exemplo.

Festival do cristianismo ocidental que ocorre antes da estação litúrgica da Quaresma, o carnaval de 'mil novecentos e antigamente' - expressão que costumo me referir quando não tenho como precisar exatamente uma determinada data -, tinha como tradição o mela-mela com pó e outros produtos do tipo. Arremessar água e, em alguns casos, urina, nas pessoas que não participavam da festa era oura tradição, como no caso de um folclórico cidadão juruense conhecido por 'Zé Bunda', cujo nome é lembrado de geração em geração e integra a cultura popular do nosso município. 

O episódio mais lembrado de 'Zé Bundinha', como muitos o chamavam, foi quando esse ilustre juruense jogou uma lata d'água no então prefeito da cidade de Juru, o Sr. Antônio Alves da Silva. Detalhe: a maior autoridade do município ainda se encontrava dormindo juntamente com a primeira-dama, sua esposa Geni Marques, quando foi surpreendido com o banho frio em pleno leito conjugal, lugar que deveria ser mantido sem mácula, como exorta o capítulo 13 do livro de Hebreus (Hebreus 13:4).

Até hoje não se sabe, no entanto, se o líquido arremessado por 'Zé Bunda' no Sr. Antônio Alves e sua esposa era água ou mijo, motivo que naquela época levava muitas pessoas a considerarem o carnaval uma festa suja e violenta. Sabe-se apenas que o gesto ousado tirou o prefeito do sério, fazendo-o sair com o folião às braçadas até a principal praça da cidade.

Mais inusitado ainda foi a pergunta que 'Zé Bunda' fez ao prefeito no dia seguinte, ao procurá-lo em sua residência: "Oxente, Antônio Alves, parece que tu não gostasse da brincadeira"?, indagou, sem guardar mágoas dos bofetes que levou.

Embora muitos atribuam esse acontecimento ao Sr. 'Mané Doutor', outro folclórico folião juruense, e não a 'Zé Bunda', o caso realmente aconteceu de fato e não faz parte apenas do imaginário popular, histórias inseridas em sociedades que têm grande afinidade com a própria cultura.

Queda d'água do Rio Serra Branca, um verdadeiro tobogã esculpido em pedra, onde os foliões se deleitavam no lodo escorregadio durante o carnaval de 2004 

2 comentários:

  1. Que lindeza sem comentários lindo lugar

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  2. Lugar maravilhoso para se refrescar e que deveria ser mais cuidado, é um ponto turístico sim, apreciado por todos que o conhece e por quem não conhece também, desejando conhecer essas belezas naturais. Ainda está em tempo de cuidar e voltar a ser admirado!

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