CANGAÇO NOVO: como a série do momento, fenômeno de audiência em cerca de 40 países, irá te ajudar no Enem 2023
Estude
para o vestibular com a série brasileira do Prime Vídeo que está
fazendo sucesso pelo mundo e entenda mais sobre o banditismo social
![]() |
Produzida
pela poderosa 02 Filmes, a série foi criada por Mariana Bardan e
Eduardo Melo, roteirizada por Fernando Garrido e Erez Milgrom e dirigida
por Fábio Mendonça (de “Vale dos Esquecidos”) e Aly Muritiba (de “O
Caso Evandro”). A esse time de peso está somado um elenco brilhante. O
ator Allan de Souza faz o papel do protagonista Ubaldo, um
ex-bancário e militar reformado que parte de São Paulo para a fictícia
cidade de Cratará, no Sertão cearense, onde tenta receber uma herança
esquecida. Lá ele acaba se reconectando desastrosamente com suas irmãs Dinalva e Dinorah (interpretadas
magistralmente por Thainá Duarte e Alice Carvalho) e termina por se
associar a uma violenta quadrilha de assaltantes de bancos que atua nas
cidades do interior do estado.
A
série, um fenômeno de audiência em cerca de 40 países, leva em
consideração dois fenômenos da violência e do banditismo no Brasil:
PUBLICIDADE
1.
o Cangaço propriamente dito, que assolou o nordeste do país com seus
bandos organizados de cangaceiros, que promoviam assaltos, invasões,
sequestros, homicídios e agressões diversas. O bando cangaceiro mais
conhecido de todos foi aquele liderado por Virgulino Ferreira, vulgo
Lampião, morto no Sergipe em 1938. O termo cangaço deriva de “canga”,
acessório utilizado na cabeça do gado que serve para o transporte de
carga. Como os cangaceiros eram praticamente nômades, eles levavam seus
objetos de uso pessoal pendurados ou amarrados ao corpo.
2.
o Novo Cangaço, fenômeno que se iniciou na década de 90 no nordeste do
Brasil e se espalhou por outras regiões do país. São quadrilhas
fortemente armadas e motorizadas, que sitiam cidades do interior com um
objetivo definido: assaltar agências bancárias e caixas eletrônicos. O
assaltante potiguar Valdetário Carneiro, um ex-mecânico que teria sido
responsável por cerca de 100 assaltos a banco, é considerado o precursor
desse movimento. O bandido foi morto pela polícia em 2003.
Em
comum, os dois fenômenos do banditismo possuem: a organização em bandos
de dez a vinte indivíduos, o uso de extrema violência (com requintes de
crueldade) e a ação exclusiva em cidades do interior do país. É
possível pensar o fenômeno do cangaço a partir das condições sociais que
o Nordeste enfrentou após abolição da escravidão: desigualdade social,
concentração de terras, coronelismo e grilagem. Esse contexto, de um
modo geral, pode ser cobrado nas provas do ENEM e dos principais
vestibulares do Brasil, como já aconteceu, por exemplo, numa questão da
prova de 2017 que especulava sobre o papel das mulheres no cangaço.
O
fenômeno do banditismo social foi estudado e referenciado por Eric
Hobsbawm, em seu livro “Bandidos”, de 1969. Segundo o historiador
britânico, a organização dos ditos bandidos sociais ocorre em função da
progressiva tomada da consciência de classe por indivíduos que decidiram
usar da violência e da delinquência como formas de protesto social, que
almejavam transformações econômicas e políticas em seus contextos de
origem. No entanto, é equivocado “romantizar” movimentos como o cangaço e
associá-lo ao arquétipo inocente do Robin Wood benfeitor dos pobres do Sertão. Como foi dito, os bandos eram – e ainda são – muito violentos e
cruéis. Ainda que subtraiam recursos de grandes proprietários e
corporações financeiras, os bandos não hesitam em barbarizar e agredir
cidadãos inocentes, trabalhadores e homens do povo. Como se vê, é um
assunto complexo que merece estudo e reflexão. Assistir à série Cangaço
Novo pode ser uma forma divertida e empolgante de adentrar nesse
universo tenso, contraditória e fascinante – e ainda por cima ajuda a
estudar para o vestibular.
Fonte: Estado de Minas
Nenhum comentário:
Postar um comentário