Cerrado, segunda maior tegião biogeográfica da América do Sul: o berço das águas e da vida pede socorro
Com a biodiversidade mais rica do planeta, o bioma que tem sofrido recorde de desmatamento e incêndios florestais preocupantes, é celebrado nacionalmente, hoje, 11 de setembro
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09/09/2023 Crédito: Carlos Vieira/CB. Cidades. Dia do Cerrado. - (crédito: Carlos Vieira/CB) |
De acordo com o MapBiomas do Observatório do Clima, uma das principais causas de desmatamento no ecossistema é a atividade agrícola, que ocupa cerca de 25,5 milhões de hectares e cresceu mais de 500% desde 1985. Somando-se as áreas usadas para plantio e para pastagem de animais, a agropecuária se estende por cerca de 75,5 milhões de hectares.
O MapBiomas, detalha também que, em 1985, o DF tinha 50,2% de sua área (289.100 ha) coberta por vegetação natural e, em 2021, 46,6% (250.996 ha). Uma perda total de 38.104 hectares (13% da cobertura natural em 36 anos). Esses dados mostram que, entre 2018 e 2021, o DF perdeu, por ano, em média, 0,38% de sua cobertura natural.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Proteção Animal do DF (Sema) destacou em nota que, em 2020, foi realizada uma consultoria para a produção de um Mapa da Cobertura Vegetal e Uso do Solo do DF. O objetivo foi mapear todas as fitofisionomias da vegetação nativa do Bioma Cerrado e as diferentes antropizações urbanas e agrícolas conforme o manual de uso do solo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Inventário Florestal Nacional, com informações compatíveis com a escala 1:25.000.
O mapa foi feito com combinações de processamentos digitais por objetos e séries temporais de imagens de satélite entre 2018 e 2020. "O resultado é muito próximo dos dados apresentados pelo MapBiomas, identificando, para o período, cobertura de cerrado de 47,8%".
De acordo com o chefe da Assessoria de Biodiversidade e Proteção Ambiental da Sema, Leonel Generoso, para preservar o bioma existente é importante cuidar do remanescente no Cerrado, tanto para o desenvolvimento ambiental, como social. "Para preservar o meio ambiente, estamos incentivado a diminuição de adubos químicos e o uso de técnicas em que não ocorra a poluição do ar, do solo e da água, assim como a agricultura orgânica e sistemas de captação de águas das chuvas que estão sendo utilizados na irrigação, para reduzir desmatamentos e recuperar áreas degradadas", destaca Leonel.
Além disso, a secretaria informou que está realizando campanhas e ações de combate a incêndio florestais e intensificando a fiscalização aos crimes ambientais. "O cerrado possui uma riqueza no que se refere a diversidade de fauna e flora, é uma gigantesca fonte de recursos alimentares, medicinais, turísticos e culturais. É fundamental no que se refere ao ciclo hídrico, considerando a manutenção do suprimento e a qualidade de água na região em que ocorre e em outros biomas, incluindo a floresta amazônica", lembra Leonel.
Presidente do Instituto Regenerativo - Templo de Plantar, Paulo César Araújo, de 59 anos, ressalta que o Cerrado do DF carece de reflorestamento de várias espécies nativas, para que haja equilíbrio. Integrantes do instituto lançaram um desafio em 2011: plantar 1 milhão de árvores por meio do Projeto Rio São Bartolomeu Vivo, meta cumprida em 2014.
Em 2019, o movimento conseguiu plantar 29 mil mudas no Cerrado candango, mas a pandemia causada pela covid-19 interrompeu a iniciativa, que será retomada no primeiro domingo do mês de dezembro deste ano. "Temos um decreto do governo local que institui o Dia de Plantar, com isso, daremos continuidade ao nosso objetivo, que é preservar o Cerrado e plantar diversidades."
O Instituto Regenerativo — Tempo de Plantar tem um comitê organizado em todo o Distrito Federal, onde parte da sociedade adere o movimento para salvar o Cerrado. "Tenho 59 anos e em dezembro vou plantar a muda de número igual à minha idade", conta Araújo. Preservar as matas, a flora e a fauna brasileira, é algo essencial para as gerações futuras - e para a humanidade.
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