segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Bolsonaro critica ministro e diz que buscará apoio de prefeitos

Presidente Jair Bolsonaro foca em apoio de prefeitos para virar votos no segundo turno das eleições e Alexandre de Moraes volta a ser alvo

Bolsonaro recebe apoio do gestor de Maceió e diz que se reunirá com prefeitos de municípios mineiros e gaúchos. Ele ressalta que esses políticos "têm condições de mudar e angariar" aval de eleitores.

Ingrid Soares
 (crédito:  ESTADÃO CONTEÚDO)
(Crédito: ESTADÃO CONTEÚDO)

Como parte da estratégia de usar palanques estaduais na campanha pela reeleição, em especial no Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu o apoio do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas. JHC, como é conhecido, deixou o PSB e assinou, na última sexta-feira, 07, a filiação ao PL, mesmo partido do presidente. Ele comandará o diretório do partido no estado.

Bolsonaro agradeceu o apoio e elogiou o desempenho de JHC. Ele destacou que, na próxima semana, deve se reunir com prefeitos de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. "Um jovem prefeito tem uma alta aceitação na capital e é uma capital do Nordeste. Os prefeitos sabem, na ponta da linha, que são os que mais têm condições de mudar ou angariar votos por parte dos eleitores", destacou.

O chefe do Executivo enfatizou que tem fechado um grande ciclo de respaldo à reeleição e que seu governo não pode ser comparado aos do PT, sigla que teria deixado como legado "corrupção, desmando e desgaste dos valores familiares, de desrespeito, de ódio e ideologia de gênero".

O presidenciável disse ter recebido "apoio velado" do ex-presidente Michel Temer (MDB). De acordo com o chefe do Executivo, o emedebista deu a entender que está ao seu lado, mesmo que não tenha explicitado.

Na quinta-feira, por meio de nota, Temer afirmou que, em resposta a uma série de pessoas próximas que o procuraram, aplaudirá "a candidatura que defender a democracia, cumprir rigorosamente a Constituição e promover a pacificação". Apesar da suposta neutralidade, o ex-presidente faz acenos a Bolsonaro ao dizer que também apoiará o candidato que mantiver as reformas realizadas no seu governo e que "propor ao Congresso Nacional as reformas que já estão na agenda do país".

No discurso, Bolsonaro repetiu críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o chamou de pinguço. "Se vocês botarem um pinguço para dirigir o Brasil, um cara sem qualquer responsabilidade, que tem um rastro de corrupção, um rastro de deboche para com a família brasileira, de ataques a padres e pastores, de ataques às Forças Armadas, de ataques aos policiais, vocês acham que vai dar certo?", questionou.

Também com alvo no petista, acrescentou que "o povo está entendendo cada vez mais que é um presidente que fala duro, mas falar a verdade é muito melhor do que um mentiroso que usa palavras dóceis, que não chega a lugar nenhum".

Segundo ele, há mudanças que podem ocorrer para "pior" e exaltou ações na área econômica. "O Brasil está voando na economia. Desemprego lá para baixo, PIB (Produto Interno Bruto) lá em cima. O Brasil já voltou ao período melhor do que era pré-pandemia e, muitas vezes, a pessoa quer mudar. Cuidado que a mudança, às vezes, pode ser pior. Todas as mudanças que a América do Sul fez piorou o respectivo estado, e sabemos que essas pessoas que pioraram com escolhas malfeitas, parece que querem repetir essa escolha no Brasil", ressaltou.

O presidente negou ter atacado nordestinos, quando, numa transmissão ao vivo nas redes sociais, creditou a vitória de Lula na região ao analfabetismo. Em propaganda política, Lula rebateu que "quem tiver uma gota de sangue nordestino não pode votar nesse negacionista monstro que governa este país".

Em resposta, Bolsonaro questionou: "Está me acusando de que agora? De não gostar de nordestino? Deve ser isso. Só mentiras. Ele (Lula) agora está usando: 'E o Bolsonaro está atacando os nordestinos como pessoas analfabetas'. Me apresente um vídeo atacando os nordestinos. Não tem. Mas eu tenho um vídeo dele atacando os paulistas com termos 'capiau', 'ignorante'". E acrescentou: "O que o ex-presidente Lula fez pelo Nordeste? Eles ficaram aí 14 anos no poder, nem mesmo um auxílio aos mais necessitados ele conseguiu dar em um valor razoável".

O chefe do Executivo reconheceu falar palavrões, mas frisou não ser "ladrão". "Se alguém tem raiva, rancor comigo, lamento. 'Ah, o Bolsonaro fala palavrão'. Falo, tenho tentado me policiar, mas, de vez em quando, eu falo, mas não sou ladrão", disse.

Judiciário

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, também entrou na mira de Bolsonaro. Ele criticou o magistrado por ter quebrado o sigilo bancário do seu ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid.

"O tempo todo usando a caneta para fazer maldade, tentar me tirar de combate, para desgastar. Já desafiei o Alexandre de Moraes, que vazou a quebra de sigilo telemático do meu ajudante de ordens, que é um crime o que esse cara fez. O que esse cara fez é um crime. Meu ajudante de ordens é um cara de confiança meu", destacou. "Ele vê as contas particulares da primeira-dama e fala 'ó, movimentações atípicas'. Alexandre de Moraes, mostre o valor das movimentações, tenha caráter. Deixar bem claro, Alexandre de Moraes, a minha esposa não tem escritório de advocacia, mostre a verdade. Você está ajudando a enterrar o Brasil por questão pessoal, não sei qual, mas é pessoal", emendou, aos gritos.

Bolsonaro insinuou haver interesse de Alexandre de  Moraes que Lula seja eleito, para tirá-lo do poder e empossar o vice da chapa, Geraldo Alckmin (PSB). "Qual o nosso futuro? Ser uma republiqueta? Não sou refém de ninguém. Por que muitos preferem o Lula, alguns do Supremo? Porque vai ser mandado, vai ter rabo preso. Quer vontade, né, de cassar o Lula assim que ele chegar, para o Alckmin, amigo íntimo de Alexandre de Moraes, assumir o governo. É mentira o que eu estou falando?"

Fonte: Correio Braziliense

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