Ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, pede que Polícia Federal investigue filme que simula ataque a presidente
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, determinou que a Polícia Federal investigue uma produção cinematográfica em que um personagem semelhante ao presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de uma motociata e sofre um ataque.
Em vídeos e fotos que circularam em contas de bolsonaristas nas redes sociais no último sábado (16), o personagem com a faixa presidencial aparece caído no chão e sujo de sangue, aparentemente após ter sido vítima de uma ação violenta durante a motociata.
As publicações, feitas também por deputados apoiadores de Bolsonaro e pelos filhos do presidente, deixam claro se tratar de uma filmagem — e é possível ver um set de gravação nas imagens.
“As imagens são chocantes e merecem ser apuradas com cuidado”, disse o ministro.
O filme foi atribuído por bolsonaristas, como Carla Zambelli (PL) e Mário Frias (PL), à Rede Globo, mas, em nota divulgada pelo G1, a emissora negou que se trate de produção sua e indicou que as filmagens seriam do filme “A Fúria”, do cineasta Ruy Guerra, 90. A obra encerra a trilogia de “Os Fuzis” (1964) e “A Queda” (1977).
Questionado pela Folha de São Paulo, Ruy Guerra afirmou que não falaria sobre o filme até o seu lançamento e não especificou quando isso ocorrerá. Ele confirmou que está gravando o filme “A Fúria”, mas disse não saber se as cenas compartilhadas nas redes pertencem a sua obra.
Mesmo após a descrição das cenas pela reportagem, Ruy Guerra se recusou a falar sobre o assunto. “Não sei dizer porque não vi, não vi o material”, disse.
Os apoiadores de Bolsonaro criticaram as cenas, afirmando que se trata de discurso de ódio da esquerda e de incentivo à violência contra o presidente.
“Essa ideologia esquerdista mata e quer matar ainda mais! Tentaram matar Bolsonaro uma vez e não conseguiram, agora, até ensinam como fazer”, publicou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
As cenas de ficção de um suposto ataque ao presidente foram repudiadas pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) e pelo ex-juiz Sergio Moro (União Brasil).
“Repudio veemente qualquer ato que possa estimular a violência a quem quer que seja. Está circulando nas redes um ‘filme’ que demonstra o suposto assassinato do nosso presidente. Isso não é arte! Isso é um ato imoral à nação e ao governo federal”, publicou o general Hamilton Mourão.
“Inadmissível tratar de forma jocosa ou figurativa a morte de uma pessoa, ainda mais de um presidente da República. Esse tipo de comportamento acirra os ânimos e não contribui em nada para o debate político”, disse Sérgio Moro.
Fonte: Folha de São Paulo
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